Para cerca de 40 passageiros de um dos ônibus da Expresso São Pedro, a noite de domingo foi de susto e medo. O veículo, que saiu de Santa Maria às 19h30min, com destino a Balneário Camboriú (SC), pegou fogo por volta das 20h10min, na RSC-287, no quilômetro 219, próximo ao trevo da localidade de Palma. O Ministério Público (MP) de Santiago já encaminhou liminar para que a empresa regularize os ônibus, já que os problemas têm se tornado constantes nas viagens.
O ônibus envolvido no incidente foi consumido pelo fogo, mas ninguém ficou ferido. A consultora de relacionamento Paula Chris Abreu Machado, 26 anos, viajava para Florianópolis, mas teve a chegada à capital catarinense atrasada. Ela e o marido, o vigilante João Luiz Pilar das Dores, 42 anos, retornavam ao Estado vizinho depois de um final de semana com a família em São Sepé e estavam programados para chegar a cidade catarinense às 6h de ontem, mas só desembarcam ao meio-dia. Segundo Paula, em poucos minutos, o ônibus foi tomado pelas chamas.
A suspeita é que uma pane mecânica tenha dado início às chamas. E essa não foi a primeira vez que incidentes envolveram os ônibus da Expresso São Pedro. Em junho, foram 10 casos em pouco mais de uma semana, só nas linhas que passam por Santiago. O Ministério Público do município entrou com uma ação civil pública contra a empresa, para investigar as linhas que passam pela cidade. O promotor de Justiça de Santiago, Diego Prux, afirma que o pedido feito ao juiz, e que já foi aceito, é que a empresa seja intimada a regularizar os ônibus da frota que passam por Santiago. Segundo Prux, são 18 veículos que serão vistoriados, que fazem três linhas: Alegrete-Ijuí, São Luis Gonzaga-Santa Maria e Santiago-Santo Ângelo.
- Nós pedimos um procedimento investigatório, para que a empresa se regularize, sob pena de incidência de multa se a perícia comprovar que os ônibus não têm condições de trafegabilidade. A empresa recebe muitas queixas se comparada a outras empresas que também prestam o serviço. Se forem comprovadas as irregularidades, nosso pedido é que os ônibus sejam substituídos - afirma o promotor.
Na tarde desta segunda-feira, o "Diário" tentou contato com a Expresso São Pedro. Um funcionário informou o telefone fixo dos diretores, mas ninguém atendeu. O funcionário disse, ainda, que não tinha números de celulares para disponibilizar.
Ainda na noite de domingo, a empresa emitiu uma nota informando que foram acionados dois veículos para fazer o transporte dos passageiros e que " (...) irá, dentro do mais breve possível, apresentar o resultado da perícia que vai determinar as causas do acidente".
Passageira conta como foi o incêndio
A consultora de relacionamento Paula Chris Abreu Machado, 26 anos e o marido dela, o vigilante João Luiz Pilar das Dores, 42 anos, estavam no ônibus no momento do acidente.
Em entrevista por telefone ao "Diário", Paula contou que um funcionário da empresa programava um filme na televisão quando as luzes internas do veículo começaram a piscar. Segundo ela, o filme rodou por cerca de cinco minutos e, logo depois, toda a parte elétrica se desligou. Nesse momento, o motorista parou o veículo, mas o fogo já havia começado.
- Não demorou um minuto. Eu e meu marido estávamos no lado direito do ônibus, bem ao fundo, e o fogo começou perto do tanque. Foi muito rápido. Quando vimos, as labaredas já estavam subindo. Foi horrível, era uma gritaria só, tinha muitas crianças. Fomos uns dos últimos a sair e, assim que o motorista saiu, o ônibus explodiu. O cinto não funcionou quando eu tentei colocar, mas isso me salvou no final - conta Paula.
Paula afirma que foi feito um boletim de ocorrências coletivo. Além disso, a empresa emitiu um formulário de ressarcimento para que os passageiros preenchessem, já que ninguém teve tempo para retirar os pertences do veículo:
- Não conseguimos pegar as bagagens. Eu saí com o meu travesseiro e a minha bolsa. Como todo mundo estava abalado, a empresa disse para levarmos os formulários para casa e preenchermos com o maior detalhamento possível, com tudo que perdemos. Temos até amanhã para entregar e, segundo a empresa, devemos ser ressarcidos em mais ou menos 20 dias.
Segundo o técnico de regulação da Agência Nacional de Transportes Terrestres ( ANTT), Glaucio Palma Ribeiro, todas as empresas de transporte têm um seguro de responsabilidade civil, no valor de R$ 3,3 milhões, para eventuais acidentes. Nesse caso, depois de um levantamento feito pela seguradora, o seguro deve ser liberado para o ressarcimento dos passageiros.
Ônibus da empresa já apresentaram problemas
- 7 de junho: Nesse dia foram cinco casos. Em quatro, os ônibus estragaram no meio do caminho. Em outro, um ônibus saiu de Santiago em direção a Santa Maria, entrou em Nova Esperança do Sul e teve problemas para subir uma ladeira. Os passageiros tiveram que sair do veículo para que o ônibus pudesse seguir o percurso
- 8 de junho: Ônibus saiu de São Luiz Gonzaga com destino a Santa Maria e parou na BR-287
z 10 de junho: Veículo da linha Cacequi-Santa Maria estragou na Rua do Acampamento
- 12 de junho: Ônibus saiu da rodoviária de Santa Maria e estragou próximo ao trevo da Ulbra. Um dos pneus pegou fogo
- 15 de junho: Foram dois casos. Ambos em função de pane dos veículos. Houve atrasos nas linhas