A articulação política do Palácio Piratini para quebrar a resistência dos deputados aliados sobre o projeto de aumento de ICMS terá o seu "dia D" na segunda-feira. A cúpula do governo planeja chamar a base para uma bateria de reuniões e, independentemente do resultado, enviar a proposta à Assembleia, no máximo, até quarta-feira.
Por enquanto, a única bancada a apoiar publicamente a decisão é o PMDB, partido de José Ivo Sartori. As tratativas não avançaram ontem porque o governador viajou a São Paulo, onde participou de evento com 300 executivos japoneses. Ele só retornou no fim da tarde a Porto Alegre.
Até sexta-feira, a maioria dos apoiadores seguia resistente. A elevação de impostos pode render R$ 2 bilhões extras ao caixa a partir de 2016 e é considerada essencial pelo Piratini para fazer frente à crise. Apesar disso, parlamentares temem o desgaste político da medida. O próprio Sartori prometeu na campanha que não elevaria a carga tributária.
- Um colega do PMDB já nos deixou avisados de que seremos contatados, mas acho difícil a nossa posição mudar. Acreditamos que ainda existem alternativas. Uma delas é negociar com mais firmeza com o governo federal - diz o deputado estadual Sérgio Turra, líder partidário do PP na Assembleia Legislativa.
Sartori obtém apoio do PMDB para aumento de imposto
Rosane de Oliveira: projeto que aumenta ICMS está fechado
No PDT, o sentimento não é diferente. Só haveria chance de apoio ao projeto, segundo o líder do partido, Enio Bacci, se o aumento das alíquotas fosse provisório, restrito a até dois anos. Há receio de que a ação reduza a competitividade gaúcha em relação a outros Estados.
- Já alertamos o governador de que não há consenso. É muito complicado votar a favor desse tipo de medida - afirmou Bacci.
Tanto o PP quanto o PDT são as maiores preocupações de Sartori. Juntos, contabilizam 15 parlamentares, o equivalente a 42,8% da base do governo, que tem 35 nomes. A chancela do grupo é fundamental para o êxito no plenário.
Ainda assim, nos bastidores, já está decidido que o texto será apresentado de qualquer forma. A cúpula do governo aposta nos 30 dias de tramitação (devido ao regime de urgência) para convencer os aliados de que não há outra solução no curto prazo.