Com sinetas, apitos, faixas, bandeiras e adesivos, cerca de 600 servidores participam, na tarde desta terça-feira, no Calçadão, em Pelotas, de uma manifestação contra o parcelamento dos salários por parte do governo do Estado. Liderada pela Federação Sindical dos Servidores Públicos do Estado (Fessergs) e por mais de 30 entidades sindicais, a mobilização é marcada por gritos de guerra contra o governador José Ivo Sartori.
Os servidores distribuem panfletos nos quais dizem repudiar "a destruição dos serviços oferecidos pelo Estado e o clima de caos gerado pelo governo Sartori e seus aliados, sob a alegação de que o Rio Grande do Sul não tem dinheiro". Segundo o material, "esta afirmação não é verdadeira e serve apenas para justificar os cortes no orçamento de 2016, piorando o atendimento à população na saúde, educação e segurança".
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- Em 32 anos de Estado, nunca vi tamanho desrespeito. O governo não pagou os salários integralmente, mas o Banrisul, um banco público, fez todas as cobranças normalmente. Isso causou um enorme constrangimento, porque muitos servidores tiveram o cartão Banricompras bloqueado. É um impacto emocional muito grande - disse a presidente do Centro dos Professores do Estado (Cpers), Helenir Aguiar Schürer.
Segundo ela, embora 62% dos professores tenham recebido os salários integralmente - todos os que ganham até R$ 2.150 líquidos -, o que demonstra o baixo nível salarial da categoria, a mobilização tem sido alta em razão da solidariedade com os colegas servidores que não tiveram os vencimentos pagos em sua integralidade.
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Servidores questionam dívida do Estado
No panfleto distribuído em Pelotas, os trabalhadores argumentam que o Estado já pagou R$ 21 bilhões por um empréstimo de R$ 9,7 bilhões e, mesmo assim, ainda deve R$ 47 bilhões. "Você acha isso justo?", questiona o panfleto assinado pelas entidades sindicais. "A nossa dívida já foi paga. Por que continuamos pagando?"
Outra preocupação é a possibilidade de venda de estatais, como a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), uma das empresas que estariam na mira de possível privatização.
- Água é uma área estratégica no mundo inteiro. Como se pode pensar em vender uma estatal que dá um lucro anual de R$ 200 milhões? Seriam R$ 200 milhões que o Estado deixaria de ganhar - critica Geovani Teixeira, diretor regional do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Purificação e Distribuição de Água (Sindiágua) em Pelotas.
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Os trabalhadores também questionam a concessão de cerca de R$ 15 bilhões em isenções fiscais pelo governo, a perda de R$ 7 bilhões/ano em sonegação de impostos e a indefinição sobre a destinação dos royalties do petróleo ao Rio Grande do Sul, o que poderia garantir um montante anual de R$ 8 bilhões. No panfleto, as entidades apontam os nomes dos 31 deputados estaduais de 10 partidos (PMDB, PP, PSDB, PDT, PSB, PPS, PV, PRB, PSD e PR) que "votaram os projetos de Sartori contra investimentos em segurança, saúde e educação".
Depois de Pelotas, a caravana seguirá para Santa Maria, na região central, onde os servidores farão mobilização nesta quarta-feira (5). Na quinta (6), será a vez de Santana do Livramento, na fronteira com o Uruguai. Outros três atos estão previstos para a próxima semana - terça-feira (11) em Caxias do Sul, quarta-feira (12) em Passo Fundo e quinta-feira (13) em Ijuí. No dia 18, acontece a assembleia geral dos servidores, no Largo Glênio Peres, na Capital.
- A mobilização de Porto Alegre será a maior concentração de servidores dos últimos 30 anos - promete o presidente da Federação Sindical dos Servidores Públicos do Estado (Fessergs), Sérgio Arnoud.