José Manuel Ramírez Marco é um visionário. Em 2013, teve a ideia de criar uma moeda virtual e oferecê-la com estardalhaço a milhões de investidores. Natural de Valencia, Espanha, batizou o invento com o sugestivo nome de unete (corruptela de "únete", expressão castelhana para "una-se").
Ramírez inspirava-se num movimento ativista da web conhecido como criptomoeda. Seus ideólogos acreditam que a internet fornece as bases para uma sociedade igualitária e autônoma ao tornar obsoletas tanto fronteiras nacionais como instituições de macropoder - incluindo a suprema autoridade monetária encarnada nos governos e em seus bancos centrais.
Criptomoedas são sistemas de pagamento que não obedecem a nenhuma regulação oficial e podem ser livremente trocados via web. O mais popular - e polêmico - desses empreendimentos é o bitcoin, moeda eletrônica baseada num sistema de certificação pelo qual os próprios agentes da transação validam seus negócios. O Banco Central Europeu e o FBI, entre outros, afirmam que esse tipo de sistema é altamente vulnerável a fraudes.
Para Ramírez, 41 anos, o unete era, antes de mais nada, uma forma de enriquecer. Ele estabeleceu que sua moeda teria paridade fixa com o dólar. O mais surpreendente é que 50 mil pequenos investidores, convidados a participar da empreitada em eventos sediados em hotéis luxuosos, embarcaram piamente.
A Unetenet, que "comandava" as operações com o unete, levantou 50 milhões de euros até ser estourada pela polícia espanhola no dia 25 de julho. Mais da metade desse montante foi congelado numa conta em nome dos cabeças do valenciano. De Ramírez e sua noiva, Pilar Otero, não há pistas. Os dois estão foragidos em algum lugar da Europa.
Olhar Global
Luiz Antônio Araujo: criptomoeda, megafraude
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Luiz Antônio Araujo
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