A Justiça voltou atrás e determinou a prisão preventiva da suspeita de ter participado do assalto aos bancos Bradesco e Banrisul e a uma lotérica em Imigrante, no Vale do Taquari, na segunda-feira. Izaura Anita Tavares Dutra, 20 anos, foi capturada no dia do ataque com outros quatro homens que também teriam envolvimento no roubo, mas foi solta na noite de terça-feira, em razão da falta de vagas no sistema penitenciário do Estado.
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A decisão de prender a suspeita é da juíza Ângela Lucian, da 1ª Vara Judicial de Teutônia, e atende recurso do Ministério Público (MP). Apesar da prisão em flagrante, no dia do assalto, a juíza plantonista Patrícia Stelmar Netto determinou a soltura de Izaura depois de ela ter ficado mais de 30 horas detida na Delegacia de Polícia de Teutônia à espera de vaga em estabelecimento prisional feminino.
De acordo com o delegado Humberto Roehrig, titular da DP de Teutônia, para onde foram encaminhados os cincos presos, a magistrada Patrícia procurou as varas de execuções criminais de Guaíba, Guaporé, Encantado, Santa Cruz do Sul, Bento Gonçalves e Passo Fundo, mas nenhuma apresentou vaga para receber Izaura.
Na quarta-feira, a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) informou à reportagem, por meio de sua assessoria de imprensa, que "a 8ª Delegacia Penitenciária Regional não foi questionada sobre a necessidade de gestionar essa vaga". Mesmo assim, afirmou que havia vagas nas penitenciárias femininas de Guaíba e Porto Alegre.
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Conforme o promotor de Justiça Jair João Franz, o pedido de prisão preventiva dos cinco suspeitos foi ajuizado ainda na terça-feira, e a juíza Ângela determinou a medida para os quatro homens e negou em relação a Izaura. Na quinta-feira, o promotor entrou com recurso, que foi atendido nesta sexta-feira.
- Além da gravidade dos crimes cometidos, não se sustentava esse argumento de falta de vaga - comentou o promotor.
Conforme a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça do Estado (TJ), a juíza Ângela verificou, através de informações da Susepe que havia vagas no sistema e decretou a prisão. A magistrada salientou que Izaura teria participação em roubo a residência ocorrido em Santa Catarina, e teria sido presa por porte de arma de uso restrito, em janeiro deste ano, estando em liberdade provisória.
"Evidencia-se, assim, que, em que pese não ostentar condenação, nenhuma medida cautelar diversa da prisão será capaz de fazê-la cessar a prática de delitos", escreveu a juíza em seu despacho.
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Izaura foi detida na direção de um Peugeot em que estaria aguardando para auxiliar na fuga dos assaltantes no ataque de segunda-feira. Ela tem antecedentes por receptação. Agora, a polícia deve cumprir o mandado de prisão preventiva e recolhê-la novamente. De acordo com o delegado Roehrig, a informação foi repassada para a Polícia Civil e a Brigada Militar de Caxias do Sul, onde a suspeita reside, que irão tentar capturá-la.
- Complicado, agora, é que não há garantia de que a polícia vai conseguir encontrá-la. O que não teria ocorrido se ela tivesse sido mantida presa desde o flagrante - lamentou o promotor.
Conforme a advogada dos cinco suspeitos, Daiana da Silva Toledo, um habeas corpus será protocolado ainda nesta sexta-feira junto ao Tribunal de Justiça, pedindo o cancelamento da prisão de Izaura.
- Vamos aguardar a decisão do TJ para, mediante do resultado de o habeas corpus ser atendido ou não, para decidir o que fazer. Até lá, ela (Izaura) não deve se entregar - afirmou a advogada.