Há 39 dias, os servidores do Instituto Nacional do Seguro Social, o INSS, estão em greve em todo o Brasil. Na manhã de ontem, a reportagem do Diário Gaúcho percorreu as agências da Previdência Social na Capital para verificar como a paralisação está afetando os usuários.
Todos os seis locais percorridos, da Zona Norte à Zona Sul, estão parcialmente fechados, atendendo apenas às pessoas que já tinham perícia médica agendada - médicos peritos não aderiram à greve - a algumas situações isoladas.
Serviços afetados
A paralisação prejudica serviços que envolvem pensão, aposentadoria, renovação de procurações e transferências de benefícios. É o caso do carpinteiro aposentado Adão Ramires, 64 anos, que foi do Bairro Lami à Cavalhada para tratar da aposentadoria da esposa:
- Já fui na agência do Centro e me mandaram para cá (agência Zona Sul). Preciso resolver a situação para que ela fique em dia com o INSS, mas, pelo visto, não vou conseguir.
Adão encontrou portão cadeado na Zona Sul - Foto: Caco Konzen
De acordo com o diretor administrativo do Sindisprev/RS, Jorge Patrício Fagundes Pires, na próxima segunda-feira o Comando Nacional irá se encontrar com representantes dos ministérios do Planejamento e da Previdência Social. Segundo Jorge, os servidores devem receber a primeira proposta concreta, já que, até agora, as negociações foram apenas verbais.
- Queremos regulamentar a carga horária, acabar com as metas e incorporar as gratificações nos salários. O aumento do salário não é exigência para voltarmos ao trabalho - afirma.
O último aumento da categoria foi de 5%, em janeiro deste ano. Inicialmente, os servidores do INSS pediram recomposição salarial de 27%, mas que, segundo o Sindisprev/RS, este não é o mote da greve.
Adesão
Conforme Jorge, os servidores estão cientes de que estão prejudicando a população. Porém, ele assegura que ninguém irá perder seus direitos por causa da greve. Segundo o sindicato, mais de 80% dos funcionários aderiram ao movimento.
O INSS informa que, das 109 agências do Estado, 59 (54%) tiveram atendimento parcial ontem, enquanto 16 (15%) estavam fechadas.
Dica é agendar
- De acordo com o INSS, o segurado que não for atendido nas agências deverá ligar para o fone 135 ou acessar o site www.previdencia.gov.br para fazer o reagendamento do seu atendimento.
- Quando o benefício for, enfim, concedido, a data inicial será a da primeira marcação, evitando o prejuízo do usuário.
- A Central de Atendimento 135 está à disposição para informar a situação do atendimento nas agências e para orientar os cidadãos.
- A informação sobre o funcionamento das unidades é atualizada diariamente junto aos operadores do fone 135, assegura o INSS.
A situação nas unidades de porto alegre
Zona Sul
No INSS do Bairro Cavalhada, o portão fica cadeado e abre, exclusivamente, para atendimentos já agendados de perícia médica. Nos 30 minutos em que a reportagem esteve no local, oito pessoas depararam com as portas trancadas. Vigilante na unidade, José Augusto Felício Duarte, 32 anos, afirma que, desde o início da greve, centenas de pessoas vão até o local, e ele as orienta a voltar para casa.
Petrópolis
Na unidade Petrópolis, todos os serviços agendados previamente estão sendo atendidos, mas as pessoas precisam explicar a situação na porta, para o vigilante. Demais casos são avaliados individualmente.
Azenha
O INSS Azenha atende apenas aos agendamento de perícia médica. A vendedora Vera Lucia Cunha, 48 anos, tinha hora marcada para tratar de uma pensão. Ela foi um dia antes ao INSS certificar-se de que seria atendida.
- Os funcionários afirmaram que sim. Hoje (ontem), porém, fui orientada a voltar para casa - disse indignada.
Partenon
A agência Partenon funcionou normalmente até quinta-feira da semana passada. Entretanto, os funcionários decidiram aderir ao movimento, já que pessoas de outras regiões estavam indo até o local, causando superlotação. Apenas agendamentos foram mantidos, seja de perícias médicas ou outras demandas. Só entra na agência quem tem o nome na lista dos atendimentos do dia.
Passo D'Areia
Na agência Passo D'Areia, apenas as pessoas com agendamento para perícia médica estão sendo atendidas. Mesmo tendo apenas um atendente no balcão, mais de 30 pessoas estavam na unidade na manhã de ontem, aguardando serviços.
Centro
Na unidade Centro, não há nenhuma faixa que indique que os servidores estão em greve. Os usuários formam fila na porta e são atendidos através de uma janela, onde uma funcionária escuta cada cliente e indica o que a pessoa deve fazer: agendamento pela internet ou telefone, aguardar a greve acabar ou então entrar e conversar com algum atendente.