Em um protesto organizado nesta quinta-feira pelo PT e apoiado por MST, MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), CUT, CTB e UNE, cerca de 800 pessoas, segundo a Brigada Militar, foram até a Esquina Democrática, no centro de Porto Alegre, para pedir a permanência da presidente Dilma Rousseff no poder. O ato, apesar de ser pró-governo, veio carregado de críticas aos ministros da Fazenda (Joaquim Levy) e da Justiça (José Eduardo Cardozo).
- Se a Dilma quer se manter no governo e ter o apoio da população, ela precisa imediatamente fazer a recomposição de seu ministério e se aliançar com os movimentos sociais - disse João Hermínio Marques, da organização de esquerda A Marighella, que levou uma faixa com a frase "Que os ricos paguem a conta. Fora Levy. Fora Cardozo. Terroristas".
Além dos ministros, os alvos dos manifestantes foram o governador do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori, e o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB). A todo instante, a palavra "golpe" era citada pelos protestantes, que assim classificam a possibilidade de impeachment de Dilma.
No mesmo horário do ato na Esquina Democrática, um grupo de manifestantes organizou a primeira edição do "Mortadelaço", uma resposta irônica ao "Coxinhaço", feito por defensores do governo petista.
Foto: Mauricio Tonetto / Agência RBS
Mobilização em mais de 20 Estados
O protesto pró-Dilma ocorreu também em mais de 20 Estados do país. Na capital baiana, os manifestantes carregaram cartazes com a frase "Fora, Cunha". Em Maceió, um cordão humano foi feito em torno do palácio do governo estadual, e no Rio o protesto ocorreu em frente ao escritório de Eduardo Cunha, na Rua da Carioca.
Em São Paulo, onde ocorreu o maior ato, o líder do MTST, Guilherme Boulos, foi o primeiro a falar "contra o golpismo".
- Eles vão na Avenida Paulista dizer que são contra a corrupção, mas ficam de mãos dadas com o Eduardo Cunha e com o Aécio Neves - bradou Boulos em cima do carro de som.
O líder do MTST chamou o senador tucano de "playboy de Ipanema que nunca fez nada pelo povo" e também direcionou críticas ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que tachou de "banqueiro prepotente".
O presidente nacional do PT, Rui Falcão, que estava na concentração do ato, no Largo da Batata, minimizou o fato de os movimentos sociais trazerem críticas ao governo Dilma, a Levy e ao ajuste fiscal. Falcão disse não ver "racha" mas diferenças normais em cidades onde grupos mais próximos ao governo e mais críticos se separaram nas manifestações.
Falcão também minimizou a diferença de proporção dos atos pró impeachment no domingo, dia 16, e contra o afastamento da presidente na tarde desta quinta. No domingo, as manifestações reuniram cerca de 800 mil pessoas em todo o país. Nesta quinta, no Largo da Batata, em São Paulo, maior ponto de manifestação, os organizadores falam em mais de 60 mil, mas não há número oficial da PM.
* Com informações da Agência Estado