Sou contra o aumento de impostos pretendido pelo governo Sartori. Se resolvesse a crise financeira do Estado, vá lá. Mas o próprio governador tem dito que não resolve. A arrecadação decorrente de uma eventual mudança no ICMS servirá para tapar apenas um terço do rombo. Logo, a população gaúcha está sendo convocada a desembolsar mais em tributos sem qualquer garantia de que terá mais segurança, educação, saúde, estradas e investimentos. Mal e porcamente, a grana extra servirá para ajudar a pagar a folha salarial. O funcionalismo, é certo, merece ganhar em dia. Mas também não faz o menor sentido a sociedade bancar uma máquina pública que não oferece o devido retorno em serviços.
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Antes de propor aumento de impostos, o governo tem é que dar o exemplo, cortando fundo, bem mais fundo na própria carne. Os ajustes feitos e propostos até agora ainda são brandos demais. Os CCs, por exemplo, foram reduzidos em relação ao governo anterior. Mas consta que ainda existem mais de 1.500 comissionados. Para que? Para garantir lugar a apadrinhados políticos e aliados de ocasião? É justo exigir que a sociedade pague por isso? Dizem que é impossível governar sem cargos de confiança, porque a agenda do primeiro escalão não tem hora para acabar e os servidores estáveis não aceitam trabalhar um minuto além do expediente. Claro, de graça, nem relógio trabalha.
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Mas será que pagamento de hora extra não seria mais barato do que engrossar a folha com o salário integral pago aos comissionados? Aí, o argumento é de que a economia seria pequena e não resolveria nada. Bom, sendo assim, temos aí mais um motivo para rejeitar o tarifaço defendido por Sartori e equipe, pois ele também não será suficiente para tirar o estado do atoleiro.
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Ciclo vicioso
Aumentar impostos é a saída mais cômoda historicamente adotada pelos governos para enfrentar dificuldades de caixa. Normalmente, tais inciativas surgem acompanhadas de anúncios de ajustes e cortes nas despesas. No entanto, basta a receita crescer um pouco, para o governante esquecer a segunda parte e abrir os cofres para novos gastos, principalmente perto de eleição. Quando a água bate no pescoço outra vez, volta a cantilena da necessidade de aumentar a receita, num ciclo vicioso que arrebenta sempre no mesmo lugar: no bolso do povo.
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*Diário Gaúcho