Em exatos 10 dias, o primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, convocou o voto "não" a uma proposta de acordo ruim e "sim" para outra ainda pior. Ao justificar a aparente esquizofrenia, afirmou que a escolha final era entre um acordo ruim para o país ou um default desordenado - em bom português, o caos.
Na observação do analista grego Yannis Koutsomitis, Tsipras deve ser o primeiro premier que admite aprovar uma legislação que prejudica a economia de seu país. É por isso que Tsipras ganhou a batalha no Congresso mas perdeu 39 votos de seu próprio partido, o Syriza.
Garante que não vai renunciar - nesta quarta-feira chegou a desafiar o líder da oposição a apresentar uma moção de censura, que poderia terminar com a sua remoção do cargo -, mas há sérias dúvidas sobre sua sobrevivência.
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Depois de um longo período de relativa calma, nesta quarta ocorreram os primeiros confrontos entre polícia e manifestantes na Praça Syntagma. O número de envolvidos no protesto violento não foi grande, mas assinalou uma mudança crucial nos tempos "sem barreiras" em frente do parlamento.
A Grécia é uma pequena economia, mas se sua estabilidade não tivesse importância na economia globalizada, seu futuro não deixaria líderes europeus reunidos até a madrugada de segunda-feira tentando descobrir uma saída. A questão é se os termos do acordo realmente representam uma solução ou se apenas acrescentam complexidades. O "sim" desta quarta só abre um novo capítulo de negociações. O equilíbrio é frágil e pode ser efêmero.