O preço da reconstrução é alto para as famílias atingidas pelas enxurradas no Oeste de Santa Catarina. O aposentado Anacleto Lanfredi, 76 anos, morador de Coronel Freitas, teve três casas atingidas, a que mora e outras duas que alugava para garantir a aposentadoria. Ele estima que precisará de quatro anos para conseguir reerguer o que perdeu.
A casa de cerca de 100 metros quadrados do motorista de caminhão Danilo Sgarbossa partiu ao meio. A parte de madeira foi deslocada com a enxurrada e não é mais habitável. Ele a mulher e o filho caçula estão morando na casa de outra filha.
Questionada sobre as ações de auxílio a SC e a moradores como eles, atingidos pelos últimos fenômenos, a assessoria da Secretaria Nacional de Defesa Civil diz que o órgão já encaminhou cerca de R$ 44 milhões ao Estado. Uma reunião está marcada para o início de agosto, em Brasília, para tratar de novas ações para reconstruir os municípios atingidos pela enxurrada deste mês.
Por meio de nota, a secretaria afirma que destinou em junho e julho de 2014 R$ 3,7 milhões para aquisição de kits de alimentos, limpeza, higiene e dormitórios, além de água e R$ 5,4 milhões para ações emergenciais.
Além disso, autorizou a liberação de R$ 25 milhões para a reconstrução de infraestrutura (pontes, estradas e equipamentos públicos) destruída pelas enchentes. Para os municípios atingidos pelo tornado de abril, o ministério diz que autorizou o repasse de recursos e a contratação pelo Estado de R$ 4 milhões para a execução de obras de reconstrução de residências.
Na sequência, o governo federal anunciou a autorização do empenho e repasse de R$ 2,8 milhões para ações de restabelecimento dos serviços essenciais. Além disso, a secretaria aprovou plano de trabalho no valor estimado de R$ 3 milhões para a reedificação do ginásio municipal Ivo Sguissardi, em Xanxerê.
"Vamos integrar dados e informar a população"
Entrevista com Milton Hobus, secretário estadual de Defesa Civil
Na tentativa de diminuir os prejuízos com os fenômenos naturais e garantir a segurança das pessoas, o governo do Estado irá investir R$ 25 milhões em um centro de monitoramento e alerta para reunir uma rede de informações que permitirá antecipar os eventos com mais precisão. Assim, as cidades catarinenses poderão receber alertas de evacuação em áreas de risco no caso de iminência de eventos climáticos como a enxurrada que atingiu Coronel Freitas e Saudades neste mês. As informações foram repassadas pelo secretário de Defesa Civil, Milton Hobus, em entrevista.
Qual é o trabalho de prevenção que o Estado pretende fazer para minimizar os efeitos destes eventos climáticos?
Estamos realizando um trabalho maior de prevenção que é a estruturação do Centro de Monitoramento e Alerta do Estado de Santa Catarina que deve ser concluído até o segundo semestre do ano que vem. Com isso, vamos trabalhar na prevenção para orientar a retirada de população e também de patrimônio. Vamos ampliar as estações meteorológicas nos municípios, criar uma rede de informações pluviométricas, ter dados de modelagem hidrogeológica, relevo, capacidade de absorção do solo e um software para integrar as informações e fazer os cálculos. Também vamos fazer um plano diretor de todas as bacias hidrográficas. No caso das enxurradas nós fizemos o alerta de chuvas elevadas, mas não podíamos informar em que horário iriam ocorrer. Com o Centro de Monitoramento vamos poder fazer a evacuação das cidades.
Como está a implantação deste centro? Onde vai ficar?
Algumas questões como a das estações estão em levantamento de campo. O prédio onde vai funcionar será em Florianópolis, próximo da atual estrutura da Defesa Civil. A licitação para a construção saiu na semana passada e a homologação será nesta semana. Deste ponto vamos integrar dados das estações meteorológicas, radares, satélites e operar barragens e informar a população.
Isso inclui o radar do Oeste, como está o processo para sua implantação?
Não, esse recurso será do governo federal... O ministro (Gilberto Occhi) nos garantiu que fará a licitação. O custo deve ser superior ao de Lontras, que foi R$ 10 milhões, em virtude da alta do dólar. Nossa intenção é colocá-lo para funcionar junto com o Centro de Monitoramento.