Depois de uma baleia jubarte ter sido encontrada morta na orla de Arroio do Sal na quinta-feira, outro animal da mesma espécie apareceu morto no Litoral Norte na manhã desta sexta-feira.
O filhote, com idade entre um e três anos, foi visto em Nova Tramandaí. Assim como a baleia que surgiu em Arroio do Sal, o animal de cerca de 7,5 metros de comprimento tinha uma rede de pesca de arrasto presa à cauda.
- É provável que ela tenha morrido ontem à noite. Acredito que deve ter morrido afogada, porque, presa na rede, é difícil voltar à superfície para respirar - diz Thiago Nóbrega Lisbôa, coordenador do projeto Baleias do Rio Grande do Sul e presidente do Instituto Oceano Vivo.
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Foto: Lisa Barbosa, Arquivo Pessoal
Na tarde desta sexta-feira, tratores foram levados à praia para dar início a retirada do animal, que deve ser enterrado no local. A baleia encalhada atraiu diversos curiosos, que movimentaram a orla, usualmente pacata nessa época.
- Fui dar uma olhada no mar, pela manhã, e vi que tinha um negócio gigante. Primeiro só aparecia uma parte dela, mas depois o mar foi empurrando para fora. Um monte de gente parou para olhar - conta o paisagista Mário Heck, morador de Nova Tramandaí.
Esta época, explica o coordenador do projeto Baleias do Rio Grande do Sul, é o período de migração das jubarte, que rumam para o arquipélago de Abrolhos, na Bahia. Assim, é natural que algumas encalhem no litoral gaúcho, rota de passagem. A repetição do fenômeno em tão curto espaço de tempo, no entanto, é incomum - além das baleias em Arroio do Sal e Nova Tramandaí, outra morreu em Cidreira há cerca de um mês.
- Tem vários fatores que podem influenciar, como o fato de a rota feita por esses animais ter muitos terremotos, o que pode estar afastando os filhotes em função do barulho. E também o próprio aumento populacional dessa espécie nos últimos anos - indica Thiago.
A baleia jubarte costuma fazer sua migração pela Cordilheira Mesoceânica, localizada no meio do Oceano Atlântico, entre os continentes africano e americano. No ano passado, o Brasil tirou o animal da lista dos ameaçados de extinção graças ao aumento da ocorrência dessa espécie no litoral do país, onde circulam cerca de 12 mil delas.