Por conta de um punhado de mal-educados, que teimam em jogar lixo fora do lixo, o prefeito de Esteio, Gilmar Rinaldi, cometeu o exagero de corresponsabilizar a população pelas frequentes enchentes que atingem o município. Esqueceu que esse é um problema histórico, com mais de 50 anos de existência, que jamais foi resolvido por sucessivas administrações - inclusive a dele, que precisou ser demandada pelo Ministério Público em fevereiro de 2014 para agilizar medidas capazes de diminuir os constantes alagamentos no município.
Claro que lixo jogado em arroio, córrego ou valo sempre favorece o transbordamento do manancial. Mas Esteio enfrenta enchentes desde os tempos em que ainda era distrito de São Leopoldo, quando os arroios Sapucaia e Esteio, que cortam a cidade, fluíam livremente, sem qualquer obstáculo, em direção ao Rio do Sinos. Em mais de meio século de enchentes, sobraram promessas, faltaram realizações.
Obra atrasada
Gilmar, por exemplo, ainda no primeiro mandato, anunciou a Avenida Beira-Arroio, rebatizada como Avenida Brasil, como uma iniciativa redentora para os bairros afetados pelas inundações. A ordem de serviço foi assinada em outubro de 2010.
O prefeito está no sétimo ano de administração e o serviço ainda não acabou. Como a grande maioria das obras públicas brasileiras, está atrasada em relação à previsão inicial de término.
Se o dique, ainda em obras, tivesse sido concluído antes da estação das chuvas, o impacto da atual cheia certamente teria sido menor. Como não estava pronto, o efeito foi meramente paliativo: a estrutura apenas retardou a invasão das residências pela água.
Nota da prefeitura alega que choveu muito acima da média em menos de 24 horas, o que é verdade. Só que não foi a primeira nem será a última vez que isso aconteceu. É justamente para fazer frente às chuvaradas que zonas alagadiças precisam receber obras contra cheias. Providência que Esteio continua devendo para uma parcela significativa de moradores, gente cansada de sofrer e levar prejuízo no bolso pelo mesmo motivo.