O primeiro depoimento dado à Justiça pelo pai e pela madrasta do menino Bernardo Boldrini, assassinado aos 11 anos em abril de 2014, ocorreu no dia 27 de maio deste ano. Até hoje, as imagens do que eles disseram não tinham sido divulgadas, mas uma reportagem da RBS TV e do G1 teve acesso a imagens inéditas, feitas pela Justiça, na sala de audiência do Fórum de Três Passos. A matéria, do repórter Jonas Campos, foi exibida no Jornal do Almoço desta quinta-feira e foi manchete do site G1.
A reportagem mostra que, durante o depoimento, Leandro Boldrini chegou a admitir que errou, mas negou qualquer participação na morte do filho:
- Amo meu filho, vou amar meu filho para sempre. Amo Bernardo. É isso. O Bernardo está vivo para mim. Eu amo ele. Vou amar eternamente - disse o médico à Justiça.
Na audiência, o médico usou um colete à prova de balas. Falou por pouco mais de duas horas e se declarou inocente:
-Para que todo mundo ouça. A minha inocência é cristalina. Sou inocente. Estou preso injustamente. Agora estou preso por integridade física e não sei o quê. Estou aqui para buscar a verdade. Vou falar todas as vezes que se fazem necessárias. Vou falar todas as vezes, falar a verdade, olhando nos seus olhos e com amor no coração pelo Bernardo. Me destruíram. Estou na lona. Mas pelo Bernardo, cadê o Bernardo? Fico me perguntando o amor do meu filho. Sou inocente, doutor - declarou Boldrini.
Leandro Boldrini admitiu ter cometido erros como pai:
-Eu reconheço. Foram erros que não justificavam o que foi feito. Todo mundo erra como pai, erra como mãe, erra como família. Sempre tentei buscar o melhor. Sou uma pessoa esclarecida e jamais compactuaria com crueldade dessas - disse.
No vídeo, pode-se ver que o advogado da avó de Bernardo perguntou se Leandro não notou nada de anormal no comportamento da madrasta enquanto o menino estava desaparecido:
-Quando você confia em uma pessoa, determinada atitude não é superior à confiança nessa pessoa. A não ser que você tenha o oitavo sentido, o sexto sentido. Se você tem relação de confiança, você acredita nela - respondeu o médico ao juiz.
O vídeo divulgado pelo G1 também registra os depoimentos dos demais acusados. A madrasta Graciele Ugolini preferiu o silêncio. Ainda há as versões de Edelvânia Wirganovicz, que confessou envolvimento no crime e depois mudou a versão, e do irmão dela, Evandro Wirganovicz, que, segundo o Ministério Público ajudou a abrir uma cova, disse que é inocente.
A audiência foi conduzida pelo juiz Marcos Luís Agostini, titular do processo da 1ª Vara Judicial da Comarca. Na véspera, os defensores de Graciele e Edelvânia chegaram a pedir dispensa do comparecimento delas na audiência. Porém, a Justiça negou e mandou que elas fossem levadas ao Fórum de Três Passos.
O processo está agora na fase das alegações finais. Os advogados de defesa e a acusação apresentam seus últimos argumentos.
Confira o vídeo aqui.