A reportagem que o Fantástico mostrou domingo, com falcatruas praticadas por deputados em diferentes Estados brasileiros, é uma nódoa a mais na já desgastada imagem das Assembleias Legislativas. No Rio Grande do Sul, o repórter Giovani Grizotti documentou uma denúncia grave envolvendo o deputado Diógenes Basegio (PDT), até então um parlamentar sem envolvimento em qualquer irregularidade.
Vídeos mostram suspeitas de irregularidades em gabinete de deputado no RS
Como sempre acontece em casos do gênero, foi um ex-assessor atritado com o deputado quem fez a denúncia e apontou o caminho das provas. Neuromar Gatto disse ao Fantástico que Basegio ficava com parte do salário dos assessores e que tinha funcionários fantasmas em seu gabinete.
O deputado se defende dizendo que o dinheiro visto na gravação era, provavelmente, sacado de sua conta bancária para pagar outros assessores, contratados informalmente. Ou seja: para se defender de uma acusação, Basegio confessa outra irregularidade. Faz isso porque sabe que é comum os deputados dividirem o salário de um assessor com outros que não têm qualquer vínculo formal com a Assembleia. É irregular, mas todo mundo faz vista grossa.
Médico respeitado em Passo Fundo e região, Basegio não precisa reter parte dos salários dos assessores para reforçar a renda. A denúncia do Fantástico é um choque para seus eleitores e pacientes.
Basegio diz que desconhece outra acusação grave do ex-assessor, a de adulteração do odômetro do carro em uma oficina mecânica para aumentar o valor do ressarcimento dos gastos com veículo, que é feito por quilômetro rodado. Essa denúncia de fraude não pode ficar restrita à reportagem: a Assembleia e o Tribunal de Contas precisam fazer um pente-fino nos ressarcimentos e ampliar os controles.
Os deputados estaduais já têm assessores demais. Se contratam mais gente em suas regiões, é para atuar como cabos eleitorais, preparando a próxima eleição. No trabalho parlamentar, não há necessidade de tanta gente. Basta olhar para os parlamentos da Alemanha, do Japão ou da Suécia, para ver que no Brasil o contribuinte paga assessores demais para trabalho de menos nas Assembleias, na Câmara e no Senado.
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Rosane de Oliveira: mancha na imagem da Assembleia
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Rosane de Oliveira
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