O presidente Vladimir Putin garantiu, em entrevista para o jornal italiano Corriere della Sera, que a Rússia não constitui uma ameaça para o Ocidente. Ele também defendeu a aplicação dos acordos de paz na Ucrânia.
- Gostaria de dizer que não se deve ter medo da Rússia - disse ao jornal o presidente russo, que descartou um conflito com os países da Otan.
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- O mundo mudou tanto que as pessoas com senso comum não conseguem imaginar um conflito militar de envergadura hoje em dia. Temos outras coisas a fazer, posso assegurar - explicou Putin, segundo a transcrição da entrevista publicada pelo Kremlin.
- Apenas uma pessoa doente, e mesmo assim durante o sonho, pode imaginar que a Rússia ataque de repente a Otan - completou, poucos dias antes de uma visita à Itália.
Putin ressaltou que o seu país apenas busca defesa das ameaças externas. Segundo ele, os países membros da Otan gastam 10 vezes mais do que a Rússia em defesa.
As relações entre a Rússia e os países ocidentais passam pelo pior momento desde a Guerra Fria, uma consequência da anexação da Crimeia em março de 2014 e da explosão do conflito armado no leste da Ucrânia entre forças ucranianas e separatistas pró-Moscou.
Em resposta às sanções sem precedentes adotadas contra a economia russa, o Kremlin proibiu o acesso a seu território de 89 personalidades europeias que criticaram o papel de Moscou na crise ucraniana.
Os países bálticos e escandinavos denunciam ainda um aumento da atividade militar da Rússia perto de suas fronteiras.
Sobre a crise na Ucrânia, Putin acusou Kiev de não querer aplicar os acordos de paz de Minsk, assinados em fevereiro com a mediação da União Europeia, e iniciar um diálogo com os separatistas pró-Rússia.
- Gostaríamos que os acordos fossem aplicados.
De acordo com ele, Kiev deve garantir a autonomia dos territórios controlados pelos separatistas e estabelecer uma lei sobre as eleições municipais e outra para uma anistia.
- Os dirigentes das repúblicas autoproclamadas (do leste da Ucrânia) afirmaram publicamente que sob certas condições, a aplicação dos acordos de Minsk, estão dispostos a examinar a possibilidade de considerar-se como parte da Ucrânia - salientou Putin.
Os combates foram retomados nos últimos dias no leste da Ucrânia, apesar dos acordos de paz assinados em fevereiro.
* AFP