Embora tenha afirmado por diversas vezes que a presidente Dilma Rousseff ainda não decidiu se vetará a emenda que flexibilizou o fator previdenciário, o ministro da Previdência, Carlos Gabas, disse nesta segunda-feira que a manutenção da fórmula aprovada pelo Congresso "inviabilizaria" o sistema previdenciário nacional e geraria uma despesa trilionária para os cofres públicos.
O ministro apresentou ainda números que devem embasar um provável veto às modificações - caminho visto nos bastidores como a decisão que deve ser tomada por Dilma. Nos próximos 15 anos, o gasto extra do governo com as aposentadorias pode bater nos R$ 185 bilhões. Até 2060, Gabas alegou que a projeção é que a fatura chegue a R$ 3,22 trilhões.
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Gabas participou na tarde desta segunda de reunião com dirigentes de centrais sindicais e com os ministros Nelson Barbosa (Planejamento), Ricardo Berzoini (Comunicações) e Miguel Rossetto (Secretaria-Geral). O encontro não agradou aos sindicalistas, que saíram do Planalto inflexíveis na defesa da sanção da emenda e prometeram trabalhar no Congresso pela derrubada de um cada vez mais esperado veto. Em coletiva de imprensa, Gabas assegurou que até quarta-feira, prazo final para a manifestação de Dilma, será apresentada uma proposta alternativa do governo para resolver a questão do fator previdenciário, com termos mais duros, no entanto, do que a medida avalizada pelos deputados e senadores.
- Essa solução (flexibilização do fator) agrava a situação da Previdência Social - declarou o ministro.
A manutenção da norma pela qual uma pessoa pode se aposentar com pensão integral quando a soma de sua idade e do tempo de contribuição alcançar 85 (para as mulheres) ou 95 (para os homens), segundo Gabas, levará a uma "situação insustentável até 2060". De acordo com ele, haveria déficit muito antes disso:
- O modelo que temos de repartição, onde os trabalhadores na ativa financiam a aposentadoria de quem está aposentando, não fecha. Antes de 2030 (a conta) não fecha.
O governo pretende levar essa discussão para o fórum de previdência e discutir uma alternativa sustentável. Segundo o ministro da Previdência, o interesse é de que o diálogo siga independentemente da posição que a presidente Dilma Rousseff tomar. Ele lembrou que ela tem até quarta-feira para decidir se sanciona ou veta a emenda.
- Não tomaremos medidas que coloquem em risco o modelo previdenciário brasileiro. (...) Fizemos essa reunião para garantir que estamos abertos ao diálogo. Eu não afirmei que a Previdência fará recomendação de veto à emenda que foi aprovada no Congresso - disse.
* Estadão Conteúdo