Depois da turbulenta passagem da comitiva de senadores da oposição pela Venezuela na semana passada, uma nova comissão, agora formada por parlamentares do PT e de outros partidos de centro-esquerda, vai desembarcar em Caracas na próxima quarta-feira à noite.
O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) anunciou a data da viagem na tribuna do Senado nesta segunda-feira. Ele criticou a "falta de isenção e de imparcialidade" da comitiva anterior, liderada pelo tucano Aécio Neves (MG), e acusou a oposição brasileira de querer criar um "factoide" político com a visita.
- Como comissão oficial do Senado, os senadores que foram a Caracas deveriam ter papel equilibrado, de bombeiros, não de incendiários. Faltou isenção e imparcialidade diante de uma situação delicadíssima na Venezuela - afirmou Lindbergh.
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A comitiva da Comissão de Relações Exteriores do Senado que desembarcou na capital venezuelana na última quinta-feira tinha como objetivo visitar opositores do governo Nicolás Maduro. Mas o grupo de senadores não conseguiu chegar ao presídio onde está detido o líder oposicionista Leopoldo López e retornou ao Brasil no mesmo dia.
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Segundo Lindbergh, o novo grupo de senadores vai tentar conversar tanto com representantes do governo quanto da oposição, a começar pelas mulheres dos presos e o governador do Estado de Miranda, Henrique Capriles (que é opositor ao governo de Maduro).
Além do petista, devem viajar à Venezuela os senadores Roberto Requião (PMDB-PR), Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), Lídice da Mata (PSB-BA), Vanessa Grazziotin (PC do B-AM) e Telmário Mota (PDT-RR).
Chapa-branca
Aécio criticou a iniciativa anunciada hoje e chamou a nova comitiva de "chapa-branca". O tucano também rebateu as críticas de que deveria ter procurado, antes de ir à Venezuela, estabelecer contato com representantes do governo de Maduro.
O tucano disse ainda que não é verdadeira a informação de que eles haviam sido avisados previamente pela diplomacia brasileira de que o embaixador Rui Pereira não iria acompanhá-los nas atividades previstas em Caracas. Segundo Aécio, ele só soube disso quando chegou ao país vizinho e, mesmo assim, o embaixador havia dito que um conselheiro do corpo diplomático iria acompanhá-los, algo que não aconteceu.
O senador do PSDB rechaçou também a possibilidade de integrar a nova comitiva, como chegou a sugerir Lindbergh.
- Isso não tem sentido. Chega a ser risível. Eu desejo a eles uma boa viagem e que possam cumprir o seu papel, e, se tiverem um tempo, espero que façam aquilo que nos foi impedido: visitem os presos políticos e digam o que pensam em relação ao que vem ocorrendo na Venezuela - disse.
*Estadão Conteúdo