Kuala Lumpur
Estigmatizada por duas tragédias no ano passado, a Malaysia Airlines está "tecnicamente em falência", afirmou o novo presidente da companhia aérea, o alemão Christoph Mueller, 52 anos. Como primeira medida, anunciou o corte de 6 mil postos de trabalho na empresa.
O executivo explicou que os problemas financeiros da companhia malaia começaram muito antes do desaparecimento de MH370 no Oceano Índico em março de 2014 - até hoje sem nenhum vestígio das 239 pessoas que estava a bordo - e o MH17, derrubado por um míssel, provavelmente lançado por forças pró-Rússia quando o jato sobrevoava a Ucrânia, quatro meses depois, causando a morte dos 298 ocupantes.
Além das demissões, Mueller quer rever as remuerações e benefícios para quem permanecer. Assim, a Malaysia Airlines enviou nesta segunda-feira carta de demissão aos 20 mil funcionários - para 14 mil, ofereceu a recontratação por meio de um novo contrato de trabalho e os demais 6 mil serão desligados.
Mueller já havia utilizado o método extremo na irlandesa Aer Lingus e na belga Sabena, o que lhe rendeu o apelido de Exterminador (referência ao filme Exterminador do Futuro) por seus cortes.
As duas catástrofes foram o estopim para que a empresa, que, segundo analistas, tinha uma administração ruim, entrasse no vermelho. Um fundo de investimento público a resgatou no ano passado, com novas regras de gestão.
Mueller afirmou que espera conter a perdas ao longo deste ano e estabilizar a empresa em 2016, antes de retomar o crescimento no ano seguinte. Segundo executivo, seguindo essa estratégia, a companhia pode voltar a ser uma das principais do Sudeste Asiático em 2018.
Contratado no dia 1º de maio, o executivo anunciou em um e-mail enviado aos funcionários nesta segunda-feira que é necessária uma grande mudança de rumo porque a companhia não pode ter custos 20% superiores aos da concorrência. Rotas serão cortados e aviões podem ser devolvidos.
Além das demissões, Mueller deve suprimir rotas de longa distância pouco rentáveis, mas o executivo afirmou que os planos não serão divulgados agora para não dar pistas aos concorrentes.
Mueller não informou se a empresa vai adotar um novo nome, mas está ciente de passageiros regularmente associam Malaysia Airlines às tragédias dos voos MH370 e MH17.
*AFP e Zero Hora