Luiz Antônio Araujo
O governo turco chamou de volta a Ankara seu embaixador em Brasília depois que o Senado brasileiro utilizou a expressão "genocídio" para definir os massacres de armênios pelo Império Otomano entre 1915 e 1918. No repertório de gestos diplomáticos, trata-se de uma forte manifestação de inconformidade, inferior apenas à ruptura de relações.
Luiz Antônio Araujo: do Senado, uma boa notícia
A reação era previsível. Afinal, entre os países sul-americanos com grandes comunidades armênias, o Brasil é o único a não condenar os otomanos - antecessores da atual República da Turquia - pelo horrível destino de um dos mais numerosos e influentes grupos nacionais do império.
Uruguai, Argentina, Chile e Venezuela já classificaram a violência das autoridades civis e militares de Istambul e das províncias como genocídio, ou seja, crime de lesa-humanidade.
Logo que o voto de solidariedade aos armênios foi aprovado pelo Senado, o Itamaraty ofereceu ao embaixador turco as explicações de praxe: existe independência entre poderes no Brasil, a posição dos senadores não tem nenhum efeito suspensivo sobre a política externa brasileira e assim por diante.
Centenário do massacre de armênios é marcado por homenagens e negações
Na prática, as relações não devem ser afetadas, e o embaixador deve estar de volta em breve. Resta um sinal inequívoco de que, passados cem anos do início do genocídio armênio, a ferida permanece aberta.
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