Para mostrar ao brasileiro quanto do que ele paga todos os dias corresponde à carga tributária, postos de combustíveis venderam o litro de gasolina por R$ 1,95 neste 2 de junho. Trata-se da 11ª edição do Dia da Liberdade de Impostos, realizada em cincos postos no Estado, distribuídos entre Porto Alegre, Caxias do Sul e Pelotas.
O pão francês (ou, para os gaúchos, cacetinho), por exemplo, produto consumido diariamente por grande parte dos brasileiros, teria seu quilo custando, em média, R$ 9,96 se não fosse a incidência da tributação, que eleva o preço do quilo para R$ 11,98.
Mais pesada ainda é a tributação sobre aparelhos eletrônicos: um televisor de 48 polegadas que custa R$ 2.768, sem a incidência de impostos, custaria R$ 1.524,06; da mesma forma, um notebook que custa R$ 1.400, sem imposto, poderia ser comprado por R$ 1.059,80.
Em bebidas como cerveja e água mineral, o percentual correspondente ao que é pago de impostos chega a 55,6% e 44,55%, respectivamente. Ou seja, seria possível pagar praticamente metade do valor sem tributação.
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No entanto, o presidente do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), João Eloi Olenike, ressalta que os impostos são necessários:
- Todos os países do mundo cobram impostos para que seja possível manter os serviços públicos. O problema, no Brasil, é que são cobradas altas taxas e elas não voltam na mesma proporção para a população.
Entre os 30 países que possuem as maiores cargas tributárias do planeta, o Brasil é o que proporciona o pior retorno à população pelos tributos arrecadados nas esferas federal, estadual e municipal. A constatação, pelo quinto ano consecutivo, está em um estudo do IBPT que relaciona a carga tributária com o Produto Interno Produto (PIB) e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), com dados de 2013. Leia a íntegra do estudo aqui.
Líder do ranking, a Austrália é o país que proporciona melhor qualidade de vida à população, seguida da Coreia do Sul e dos Estados Unidos. Embora mais rico, o Brasil fica atrás, inclusive, de outros países da América do Sul, como Uruguai e Argentina, que ocupam, respectivamente, as 11ª e 19ª colocações no ranking.
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O estudo apontou ainda que, apesar de terem carga tributária muito próxima à do Brasil - que em 2013 foi de 35,04% do PIB -, Islândia (35,5%), Alemanha (36,70%) e Noruega (40,80%) estão muito à frente no que se refere à aplicação dos recursos em benefício da população, ocupando a 14ª, 15ª e 18ª posições, respectivamente.
- O problema do Brasil começou depois do governo Sarney e se agravou com a criação da Constituição Federal, que abriu possibilidade de o país criar mais tributos e de aumentar os existentes. Depois, infelizmente, a carga tributária passou a não ser usada na proporção correta para representar melhor qualidade de vida e vai ser muito difícil recuperar o tempo perdido - avalia Olenike.
O instituto também calcula quantos dias o brasileiro precisa trabalhar para quitar os impostos aqui cobrados em relação aos cidadãos de outros países. Enquanto, no Brasil, são necessários 151 dias para que o contribuinte pague os impostos cobrados pelo governo, nos Estados Unidos esse número cai para 98 dias e no Chile para 94 dias.