A semana começa com expectativa em torno dos depoimentos dos 12 executivos que estão sob prisão temporária na sede da Polícia Federal (PF), em Curitiba, entre eles os presidentes Marcelo Odebrecht, do Grupo Odebrecht, e Otávio Azevedo, da Andrade Gutierrez. Eles foram detidos na sexta-feira, quando foi deflagrada a 14ª fase da Operação Lava-Jato.
Presos fazem exame de corpo de delito no IML de Curitiba
Os investigadores querem buscar evidências do suposto envolvimento das construtoras Norberto Odebrecht e Andrade Gutierrez com o bilionário esquema de cartel, corrupção e lavagem de dinheiro que teria atuado na Petrobras entre 2004 e 2014.
No caso da Odebrecht, estão no alvo da força-tarefa duas offshores: a Construtora Del Sur, aberta no Panamá, e a Hayley, no Uruguai. Em relação à Andrade Gutierrez, a suspeita envolve uma offshore do lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, apontado como operador de propinas ligado ao PMDB.
Presos fazem exame de corpo de delito no IML de Curitiba
As empresas investigadas por conta do suposto elo com a Odebrecht foram criadas fora do país para movimentar valores de propina "na mais sofisticada estrutura de lavagem de dinheiro encontrada até aqui pela força-tarefa", nas palavras dos investigadores.
- No caso das empreiteiras anteriores, os relacionamentos que foram denunciados são de um esquema relativamente simples e muito fácil de se comprovar, porque era interno, aqui no nosso país - disse o procurador da República Carlos Fernando Lima.
Executivo preso tinha forte atuação no RS e relações com Youssef
Personagem central para descobrir detalhes sobre o uso da Del Sur pela Odebrecht é o doleiro Bernardo Freiburghaus, apontado por delatores como operador de propinas da empreiteira. Ele mora na Suíça e é considerado foragido. "A constatação de que a Construtora Internacional Del Sur efetuou depósitos nas contas offshore de, pelo menos, três dirigentes da Petrobras, Paulo Roberto Costa (ex-diretor de Abastecimento), Pedro Barusco (ex-gerente da Diretoria de Serviços) e Renato Duque (ex-diretor de Serviços), permite concluir por sua ligação com o esquema criminoso de cartel e propinas que afetou a Petrobras", sustenta o juiz federal Sergio Moro, ao decretar as prisões de sexta-feira.
Entenda o que ocorreu em cada fase da Operação Lava-Jato
Documentos em poder da Lava-Jato indicam que a Del Sur foi a origem de pelo menos cinco depósitos em contas secretas de Costa que seriam operadas por Freiburghaus. O ex-diretor confessou que os US$ 23 milhões que tinha na Suíça - devolvidos após acordo de delação - foram propina da Odebrecht. Ele apontou outras quatro contas em nome de offshores como depositárias de valores desviados.
EM NOTA, EMPRESAS NEGAM ESQUEMAS PARA PROPINA
O doleiro Alberto Youssef, também delator da Lava-Jato, afirmou à Justiça Federal que operou pagamentos de propinas para a Odebrecht, tendo mantido contato com os executivos Márcio Faria e Cesar Rocha, ambos detidos na sexta. A Del Sur também está na mira das apurações envolvendo a área de Serviços da Petrobras, controlada politicamente pelo PT e dirigida até 2012 por Duque, preso desde março. Barusco, seu ex-braço direito e delator da Lava-Jato, relatou o uso da offshore pela Odebrecht.
No sábado, os 12 empresários presos fizeram exame de corpo de delito na sede do Instituto Médico Legal (IML) de Curitiba. Eles permaneceram por cerca de seis horas no prédio e retornaram para a carceragem da Superintendência da PF. A Odebrecht e a Andrade Gutierrez, por meio de notas, negam envolvimento em esquemas de propina. As duas informam que colaboram com as apurações e sustentam não haver provas de irregularidades.
Saiba quem são os presos da Erga Omnes:
- Marcelo Odebrecht (preventiva): Presidente da Odebrecht
- Rogério Santos de Araujo (preventiva): Executivo da Odebrecht
- Márcio Faria da Silva (preventiva): Executivo da Odebrecht
- Otávio Marques de Azevedo (preventiva): Presidente da Andrade Gutierrez
- João Antônio Bernardes (preventiva): Ex-diretor da Odebrecht
- Alexandrino Alencar (temporária): Executivo da Odebrecht
- Antônio no Pedro Campelo de Souza (temporária): Executivo da Andrade Gutierrez
- Flávio Lucio Magalhães (temporária): Executivo da Andrade Gutierrez
- Cristiana Maria da Silva Jorge (temporária): Prestava consultoria para a Odebrecht
- Elton Negrão (preventiva): Executivo da Andrade Gutierrez
- César Ramos Rocha (preventiva): Executivo da Odebrecht
- Paulo Roberto Dalmazzo (preventiva): Executivo da Odebrecht
Lava-Jato chega a sua 14ª fase; relembre as etapas anteriores da operação:
Em janeiro, Andrade Gutierrez negou envolvimento de presidente
Empreiteiras envolvidas na Lava-Jato tentam acordo com o governo
Os fatos que marcaram a operação: