A relação entre educação e renda foi o tema do debate realizado na noite desta quinta-feira, no StudioClio, na Capital, sobre os resultados da segunda edição do Índice de Desenvolvimento Estadual - Rio Grande do Sul (iRS).
A discussão integrou a programação do evento Com a Palavra, promovido por Zero Hora para aprofundar temas abordados pelas diferentes áreas do jornal e reuniu desta vez o economista Ely José de Mattos, professor da PUCRS e coordenador do iRS, e o professor Fernando Becker, doutor em Educação (UFRGS). A mediação foi da jornalista Marta Sfredo, colunista de Economia de ZH.
Ely afirmou que, apesar de o Estado e o país terem avançado nos últimos anos em relação à renda, a melhoria da educação é fundamental para elevar a produtividade no trabalho, o que se reflete em uma mão de obra melhor remunerada.
- Para dinamizar a economia ainda mais precisamos capacitar melhor as pessoas. Não temos problema de vaga, mas de qualidade na educação - ressaltou.
Questionado sobre o papel da educação para ser alcançado um nível melhor de desenvolvimento, Becker ressaltou que é preciso mudar o modelo de ensino. Para o especialista, é necessário deixar de lado o processo em que alunos apenas copiam e repetem o conhecimento, para uma ideia de escola que incentive experimentos em laboratórios, criatividade e inovação.
- As pesquisas científicas mostram que o nosso cérebro se organiza a partir de ações desafiadoras - afirmou Becker em relação à formação das crianças.
Para Ely, uma dos problemas do Rio Grande do Sul foi se acomodar por ser considerado um Estado de elite, o que teria levado ao abandono da elaboração de um planejamento de longo prazo voltado ao desenvolvimento. Becker lamentou, ainda que, nas últimas décadas, o debate sobre educação no Rio Grande do Sul se limitou à questão salarial. Outra falha, apontou o professor, é a "gigantesca omissão" dos pais, que parecem apenas entregar os filhos para a escola sem se envolverem no processo educativo.
O iRS mede o desempenho das 27 unidades da federação em três dimensões - padrão de vida, educação e, reunidos, longevidade e segurança - e mostrou, a partir da análise dos dados de 2013, que o Rio Grande do Sul manteve a quarta posição verificada com os indicadores de 2012, mas ficou mais distante de Santa Catarina, terceiro no ranking, e vê a aproximação do quinto colocado no índice, desta vez o Paraná. O quesito renda, debatido no Com a Palavra, integra a variável padrão de vida.
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Os novos resultados do iRS, desenvolvido em parceria por Zero Hora e PUCRS, com apoio institucional da Celulose Riograndense, apontam que o Estado evoluiu nos três pontos avaliados, mas em um ritmo abaixo do encontrado nos demais que ocupam as primeiras posições. No quesito longevidade e segurança, o Rio Grande do Sul caiu para a terceira posição. Em educação subiu uma colocação, para sétimo. Em padrão de vida, manteve-se em quinto.
Além da renda, a violência, outro item analisado pelo índice, também pode ser combatido com uma educação melhor, ressaltou Becker. Ely fez ainda um alerta sobre o item longevidades e segurança.
- Se tudo que sentimos nas ruas se transformar em números, vamos piorar - observou Ely, sobre o impacto do problema no iRS.