O deputado Diógenes Basegio (PDT), suspeito de cometer irregularidades, como extorsão de salários de funcionários e fraude para aumentar o valor da indenização por uso de veículo particular em serviço, foi ouvido na tarde desta segunda-feira na Comissão de Ética Parlamentar da Assembleia Legislativa gaúcha. O depoimento ocorreu a portas fechadas, mas foi gravado e deverá ser divulgado ao final das investigações - encerradas na próxima terça-feira.
O mesmo acontecerá com as audiências do ex-assessor de Basegio, Neuromar Gatto, e o mecânico que teria alterado o hodômetro de veículos a serviço da Assembleia, que prestaram depoimento no dia 16 de junho.
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Após uma hora e meia de depoimento, Basegio deixou a reunião na Assembleia, pouco antes das 18h, como chegou: calado. Apenas o advogado do deputado, Felipe Cardoso Moreira de Oliveira, se manifestou e disse que a defesa está tranquila, pois o parlamentar não teria culpa e que isso foi "mostrado" durante o depoimento. Ainda segundo Oliveira, eles entregaram documentos e vídeo que comprovariam a inocência de Basegio.
O responsável por colher os depoimentos é o corregedor da Assembleia, deputado Marlon Santos (PDT), que está à frente das investigações envolvendo Basegio. Ele deixou claro que este seria o momento para o deputado se defender - e para a Comissão encontrar as contrariedades das informações obtidas até agora.
- Vou perguntar tudo que a sociedade quer saber e deixar todo o espaço para ele falar. Depois, vamos confrontar os dados - afirmou Santos.
Além de ser correligionário, Santos responde na Justiça pelo mesmo crime do qual o colega é suspeito: extorquir funcionários. Nesta segunda, ele voltou a dizer que não tem ficha suja, mas "sujada" por acusações falsas, que em parte seriam por "perseguição religiosa", pelo fato de ser médium.
Sem dar detalhes para não atrapalhar as investigações, Santos garante que tudo está sendo feito com toda a "clareza" e "transparência" e que, para isso, ele não tem ido nas seções da Assembleia nem participado das atividades do partido.
Segundo ele, a partir desta terça-feira, vai começar a fase de confrontar os dados e escrever o relatório, mas ainda poderão ocorrer diligências. O prazo para entrega do documento, que determinará pelo arquivamento ou continuidade da investigação, se encerra no próximo dia 30. Caso vote pela punição de Basegio, uma subcomissão será formada pela Comissão de Ética e o relatório final pode indicar ou não cassação do mandato, o que precisará ser votado pela Assembleia.
Declaração polêmica de deputado
Antes do depoimento de Basegio, Marlon Santos também foi questionado sobre a declaração do deputado Bombeiro Bianchini (PPL), que, em entrevista a uma rádio de Santiago, na Região Central do Estado, disse ser comum a prática de deputados exigirem parte dos salários dos assessores.
- É uma prática normal. Se vier algum político dizer que isso aí não existe é mentira, existe. Eu fui aconselhado, quando estava indo para a Assembleia, a adotar essas práticas, de formar um fundo de campanha e montar um gabinete político. Eu disse que não montaria, não faria isso - disse Bianchini à rádio.
Para o corregedor da Assembleia, o deputado erra ao generalizar uma prática.
- Acho isso burro. Toda generalização é burra. Eu não faço isso - disse Santos.
* Zero Hora