O doleiro Alberto Youssef negou, nesta segunda-feira, conhecer o ex-ministro Antonio Palocci ou qualquer assessor dele. Questionado por integrantes da CPI que estão em Curitiba para ouvi-lo, Youssef negou depoimento feito pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa, que afirmou que o doleiro tinha repassado R$ 2 milhões a Palocci para a campanha da presidente Dilma Rousseff em 2010.
- Não conheço Antonio Palocci. Ele nunca me fez nenhum pedido para que angariasse recurso para campanha de 2010 de Dilma Rousseff - disse o doleiro aos deputados.
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Youssef disse que Paulo Roberto Costa não estaria necessariamente mentindo, mas pode estar equivocado.
- Não digo que seja mentira, pode ser que outra pessoa tenha pedido esse recurso a ele e ele tenha viabilizado esse recurso através de outra pessoa - disse, reforçando que o suposto repasse não passou por ele.
Sobre a remessa de dinheiro da OAS para o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Youssef afirmou que não pode confirmá-la.
- Recebi da OAS para que fosse entregue o recurso nesse endereço. Não sabia quem era morador dessa residência - disse Youssef aos parlamentares. - Eu recebia o endereço, o local, a cidade e quem iria receber - disse, ao argumentar que eram comum o procedimento de entregar sabendo o nome apenas do intermediário e não do destinatário final dos recursos desviados.
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Youssef repetiu que quem fez a entrega foi o policial federal Jayme Alves de Oliveira Filho, conhecido como Careca. Sobre o depoimento de Careca, que implicou Cunha e Antonio Anastasia (PSDB), o doleiro disse não saber se é verdade.
- Não tenho ideia. Não sei se ele inventou nomes, porque quem foi ao endereço foi ele.
Youssef foi confrontado pelo deputado Ivan Valente (PSOL-SP), que disse que o doleiro não estava sendo verdadeiro. Valente argumentou não ser possível ele lembrar de nomes de quem teria recebido pelo PT, citando a cunhada de João Vaccari, Marice, e não lembrar o nome do recipiente na casa de Cunha.
- Deputado, alguns eu lembro, outros não lembro - respondeu Youssef.
O doleiro disse não conhecer pessoalmente Cunha nem ter repassado diretamente recursos. Ele disse também não conhecer ou ter feito repasses diretamente ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Ele contudo, disse ter feito repasses para Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, que seria o operador do PMDB no esquema.
O doleiro reafirmou com maior certeza repasses destinados a lideranças pepistas, como o ex-ministro Mário Negromonte, o senador Ciro Nogueira e o deputado Aguinaldo Ribeiro.
À CPI, Youssef ainda detalha o esquema de repasses a políticos do PP.
- A maioria não estive com eles (pessoalmente). Era feita uma lista com os nomes - relatou o doleiro.
Perguntado quem eram as lideranças partidárias que recebiam diretamente os valores, Youssef disse que foram vários, mas que se lembrava de João Pizzolatti, Nelson Meurer e Mario Negromonte. Youssef também confirmou que houve um jantar com diversos parlamentares do PP para agradecer ao ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa pelos resultados na campanha de 2010.
Youssef disse também que ele operou doações legais a partidos e candidatos. Segundo Youssef, as empresas envolvidas no esquema faziam doações oficiais a partidos e comitês de campanha e apresentavam o valor a ele para descontar do montante que seria cobrado em propina referente a contratos fechados com a Petrobras.
- Eu fiz doação oficial e descontei daqueles contratos, das propinas - relatou Youssef.
Ele disse ter operado nesse sentido principalmente para o PP. Youssef afirmou também que apenas parte desse mecanismo passava por ele, mas que era um procedimento comum que também passava por outros operadores. Perguntado por parlamentares se o esquema poderia passar por remessas internacionais, disse que ele não operava tal mecanismo no exterior, mas que empresas provavelmente fizeram também esse caminho, por terem operações fora do país e ser uma forma de esconder os repasses.
* Estadão Conteúdo
Os fatos que marcaram a operação:
Abaixo, veja o que já ocorreu durante as investigações: