"O foco é proteger os jovens", diz direção de shopping que restringe entrada de adolescentes em Caxias

A partir deste sábado, crianças e adolescentes não poderão circular no Shopping San Pelegrino desacompanhados de pais ou responsáveis. É uma medida polêmica.

A regra, segundo a direção, é para garantir a segurança dos próprios jovens, do público em geral e dos comerciantes. Rapazes e moças serão obrigados a mostrar a carteira de identidade para provar que são maiores de 18 anos. Caso contrário, terão a entrada barrada. A exigência de documentação e a presença de adultos valerá apenas para os finais de semana.

A decisão tem semelhança às restrições adotadas por shoppings das metrópoles paulistas e mineiras. O objetivo naqueles Estados é inviabilizar os chamados rolezinhos, encontros marcados pela internet por dezenas de adolescentes ao mesmo tempo, em sua maioria pobres.

Carla Tomaz, superintendente do San Pelegrino, não relaciona a restrição em Caxias a rolezinhos ou bondes. Segundo ela, o objetivo é proteger as famílias e manter a boa convivência interna.

- O foco principal da normativa é justamente proteger os jovens, a criança, o adolescente, a família... Seguimos exatamente o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). É necessária essa normativa que já acontece em outros shoppings do Brasil, o que funciona muito bem - esclarece.

A superintendente prefere não polemizar e descarta qualquer tipo de segregação. Mas é fato que turmas de adolescentes escolheram o lado externo do estabelecimento para bate-papos e, eventualmente, algazarra. Tanto que a força-tarefa criada há dois anos para coibir a atuação dos bondes incluiu nas operações as paradas de ônibus defronte ao shopping.

- Os finais de semana são quando têm acúmulo maior desses menores no lado de fora. Temos um trabalho bacana dentro do shopping, e não registramos problemas. Geralmente, as turmas ficam no entorno, na rua, no bairro, tanto que achamos por bem fazer esse procedimento em conjunto com a comunidade. Temos apoio dos comerciantes de rua, da igreja, da associação dos moradores do bairro São Pelegrino, de lojistas para ajudar na questão da segurança, de todo o bairro e entorno.

Embora o shopping refute qualquer discriminação, a abordagem será pelo critério pessoal de cada funcionário, o que pode provocar desconforto no público sem relação com a norma. Os seguranças foram orientados a pedir documentação de adolescentes na entrada. O que não está claro é como eles saberão diferenciar, pela aparência, um adolescente de 16, 17 anos de um jovem com 18 anos, 19 anos.

- A regra é pedir o documento para quem é jovem - resume Carla.