De um lado, empresas afetadas pela crise ou em compasso de espera, que resolveram pisar no freio em gastos e contratações. De outro, mais trabalhadores sendo demitidos e outros enfrentando bem mais dificuldades em conseguir um emprego.
Este é o cenário de Santa Maria no início deste ano. De janeiro a abril, houve redução de 60% na geração de empregos na cidade _ foram 268 postos de trabalho criados este ano, contra 684 no mesmo período de 2014. Além disso, a agência do Sine na cidade teve redução de 20% nas vagas ofertadas e de 56% nas vagas preenchidas este ano. Em contrapartida, os pedidos de seguro-desemprego cresceram 10% em 2015 (veja quadro).
Na agência do Sine, a placa com a oferta de cargos tem sido minguada este ano. Enquanto em 2014, chegava a haver duas folhas fixadas na porta, com mais de 40 diferentes cargos a preencher, nos últimos meses a lista ocupa menos de uma página. Na última sexta-feira, havia só nove cargos anunciados, sendo três deles para pessoas com deficiência (PCD).
_ A reclamação das empresas é geral em relação à crise. Se uma empresa tinha cinco funcionários, e um sai ou é demitido, o dono não contrata outro, tentando readequar para manter a empresa com uma pessoa a menos _ diz o diretor do FGTAS/Sine de Santa Maria, Carlos Vianna.
O motorista de caminhão Arnildo Paulo König, 47 anos, procura emprego desde março. Em várias vezes que foi ao Sine, voltou para casa sem achar uma oportunidade.
_ Nas empresas, todo mundo diz a mesma coisa, que está difícil e que não tem trabalho, que, com essa política, estão quebrando as empresas. Não consegui o seguro desemprego e só não estou passando fome porque minha mulher está trabalhando _ diz ele, que tem uma filha de 14 anos.
A doméstica Iziana Soares, 43 anos, sai de São Pedro do Sul para fazer faxina em Santa Maria e não tem achado vagas:
_ Agora que surgiu a chance de a gente ter o FGTS, a situação ficou pior. As patroas estão dizendo que só vão ficar com faxineiras, pois contratar doméstica ficou mais caro.
Expectativas positivas
A diretora da Ello RH Assessoria de Recursos Humanos, Maria Eni Saibt, também sentiu uma queda na oferta de empregos, de janeiro para cá, e diz que as empresas alegam redução de vendas e os altos custos trabalhistas. Já na Futura Gestão de Pessoas, a diretora Telma Ré comenta que houve uma redução de 20% na oferta de vagas este ano, sendo mais acentuada no comércio, pois as empresas não estão repondo vagas em aberto. Telma espera que a situação seja passageira, mas não sabe quando as ofertas voltarão ao normal.
AS VAGAS NO SINE
O Sine atende apenas parte do mercado de trabalho da cidade, mas encaminha os pedidos de seguro desemprego
2014
Vagas ofertadas _ 647
Vagas preenchidas_ 267
Seguro desemprego _ 2.793
2015
Vagas ofertadas _ 515
Vagas preenchidas_ 117
Seguro desemprego _ 3.080