Vistos isoladamente, os três posts do ex-governador Tarso Genro em seu perfil no Twitter podem parecer apenas o desabafo de um companheiro incomodado com o rumo que o governo Dilma Rousseff tomou. Quem conhece Tarso e sua rede de relações sabe que a manifestação equivale a um rompimento com a presidente, que a cada dia se afasta mais do PT.
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Nos bastidores, o ex-governador já vinha fazendo críticas duras ao jeito Dilma de ser e de governar, mas, com a entrega da articulação política ao vice-presidente Michel Temer, ele deixou as sutilezas de lado. Em três posts em sequência, Tarso escreveu:
Tarso não está sozinho. No PT, é crescente a rejeição às medidas adotadas pelo ministro Joaquim Levy para tentar controlar a inflação. Aliás, a indicação de Levy ainda não foi digerida por boa parte dos companheiros. Também são crescentes as críticas à falta de habilidade política dela e à forma como está se entregando ao PMDB.
Velhas mágoas vieram à tona com o agravamento da crise política. Nos últimos quatro anos, entre Dilma e Tarso pairou a sombra de uma entrevista que ele deu ao jornal Folha de S.Paulo, em fevereiro de 2010, dizendo que a candidatura dela a presidente, imposta por Lula, era produto de um vazio no PT, que estava fragilizado pelo mensalão.
"Não fosse isso, o partido, no mínimo faria uma negociação com o presidente", acrescentou.
Consta que Dilma nunca o perdoou. Essa pode ser a explicação para o fato de não ter convidado o ex-governador para o ministério, nem indicado seu nome para a vaga de Joaquim Barbosa no Supremo Tribunal Federal.