O local do assassinato de seis pessoas durante a madrugada deste domingo em Cidreira pertencia a um grêmio de fiscais municipais da prefeitura de Porto Alegre, havia sido leiloado e atualmente se deteriorava aos poucos no bairro Nazaré. O próprio dono do local, vencedor do leilão, havia ordenado ao administrador - uma espécie de zelador - do imóvel, Celomar Cláudio Barbosa, 67 anos, para que não fizesse qualquer manutenção. Nem cortar a grama.
Ele diz que vai desmanchar. Falam até que vão vender o terreno para um supermercado - afirmou Celomar.
Celomar trabalha há 19 anos na pousada e conhece bem a sua história. Sem identificação, o estabelecimento é conhecido pelo nome do administrador. Mas chamar o local de estabelecimento é promovê-lo a um nível muito acima do que ele chega, atualmente.
A pousada é composta de várias casas pequenas alugadas por R$ 10 a diária. O estado da estrutura é precário, com buracos no teto e muita sujeira. O apartamento onde os mortos estavam, de número 15, fica nos fundos da pousada. Há 12 dias, um suspeito de tráfico alugava o espaço. O plano era permanecer por 30 dias, mas antes de completar metade do prazo o local já havia se tornado ponto de venda de drogas e de prostituição - garotas iam até lá para fazer sexo em troca de entorpecentes - segundo relatos de vizinhos e da polícia.
Há tempos, na verdade, o conjunto de casas é base para traficantes que assolam a cidade. Mas Celomar não interfere.
Eu só alugo e deixo - disse.
Praticamente qualquer um pode se candidatar a um quarto na pousada. Até andarilhos.
- Ele pergunta quanto eles podem pagar e está ok - relatou o filho de Celomar, que mora com ele em uma das casas do estabelecimento.
Na manhã deste domingo, parte dos móveis do apartamento 15 estavam na rua. Manchas de sangue eram visíveis nos móveis e no chão. Em frente ao local, moradores passavam de carro e paravam para observar a cena. À tarde, um velório coletivo deverá reunir familiares e amigos das vítimas. A Brigada Militar foi chamada para garantir a segurança.