A inflação percebida pelas famílias de baixa renda em março foi maior do que a sentida pela média das famílias brasileiras, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV) nesta sexta-feira. Enquanto o Índice de Preços ao Consumidor - Brasil (IPC-Br) subiu 1,41% no mês passado, o IPC - Classe 1 avançou 1,64%. O motivo é a alta significativa em itens como energia elétrica, que consomem uma fatia maior do orçamento das famílias com renda menor.
Inflação chega a 8,13% em 12 meses, maior alta em 11 anos
BC prevê retração de 0,5% do PIB e inflação de 7,9% em 2015
Em 12 meses até março, o IPC-C1 também supera a média nacional. Para a baixa renda, os preços subiram 8,91% nesse período. Para as demais famílias, a alta de preços é de 8,59%. O IPC-Br inclui famílias com ganho mensal entre 1 e 33 salários mínimos. No IPC-C1, essa faixa vai de 1 a 2,5 salários mínimos.
Em março, apenas a energia elétrica foi responsável por um baque na inflação. Devido aos reajustes extraordinários autorizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a todas as distribuidoras do País e à elevação no valor cobrado segundo o regime de bandeiras tarifárias, o item subiu 21,13% de uma só vez. Isso ajudou o grupo Habitação a avançar de 0,78% para 4,14% na passagem do mês - aluguel e condomínio também ficaram mais caros, completando o cenário de orçamento mais restrito para essas famílias.
Além disso, outros três grupos dos oito pesquisados pressionaram o IPC-C1, como Alimentação (0,74% para 1,12%), Saúde e Cuidados Pessoais (0,49% para 0,64%) e Educação, Leitura e Recreação (0,33% para 0,52%). Nestes grupos, os destaques partiram dos itens laticínios (-2,40% para 2,42%), artigos de higiene e cuidado pessoal (0,48% para 1,36%) e passagem aérea (-11,56% para 12,24%), respectivamente.
No sentido contrário, perderam força os grupos Transportes (2,11% para 0,72%), Despesas Diversas (1,19% para 0,56%), Comunicação (0,19% para -0,44%) e Vestuário (0,05% para -0,27%). Nestas classes de despesa, destacam-se respectivamente os itens gasolina (8,40% para 1,72%), cigarros (1,87% para 0,05%), tarifa de telefone residencial (0,02% para -1,13%) e roupas (-0,13% para -0,48%), destacou a FGV.