Eleito com 41.227 votos no ano passado, o deputado estadual e ídolo gremista Mário Jardel (PSD) exonerou seu gabinete na Assembleia e se afastou temporariamente do parlamento sob justificativa de uma depressão. O deputado deixou a Capital na quarta-feira passada e está em local incerto. As exonerações, que incluem funcionários da bancada do partido, foram publicadas nesta segunda-feira no Diário Oficial da Assembleia.
Jardel, único deputado estadual da sigla, estaria incomodado com ações praticadas por servidores de seu próprio gabinete - por razões como tomarem decisões sem consultá-lo e o que chamou de "má administração". Segundo o novo chefe de gabinete, Cristian Lima, que tomou posse nesta segunda-feira, dos 21 funcionários do deputado e da bancada do PSD na Assembleia, apenas quatro considerados de "confiança" foram reconduzidos aos cargos.
Em nota, Danrlei rompe relação "política e pessoal" com Jardel
David Coimbra: eleição de Jardel foi feita com voto consciente
- Ele não abandonou o mandato, só limpou o gabinete porque não estavam ocorrendo coisas certas. Mas ele continua na política - sustenta Lima.
Entre os itens considerados como má administração estão viagens de servidores autorizadas sem o conhecimento do parlamentar do PSD.
- Ele também se sentia pressionado a assinar coisas que não queria - complementa Cristian Lima.
O novo chefe de gabinete afirma que o deputado está em viagem pelo Brasil com a esposa, e não pretende deixar o país, como chegou a ser cogitado. Um dos possíveis destinos é o Ceará, mas o paradeiro não foi confirmado. O atestado é válido de 1º de abril até quinta-feira, 9 de abril. Depois disso, é esperado que Jardel se reapresente na Assembleia.
O gabinete anterior teria sido formado por indicações do partido, segundo Lima, e não por escolha pessoal do ex-centroavante tricolor. O assessor sustenta que não haveria crise entre Jardel e o PSD:
- Não temos o que falar do partido.
Porém, o vice-presidente do PSD no Estado e um dos principais apoiadores da candidatura de Jardel, o deputado federal Danrlei de Deus, divulgou nota em que declara o rompimento "político e pessoal" com o correligionário.
Cristian Lima afirmou, ainda, que o deputado teria recebido ameaças de antigos ocupantes dos cargos.
Em entrevista concedida à Rádio Gaúcha, o chefe de gabinete anterior, Sérgio Bastos Filho, negou a existência de irregularidades e se mostrou surpreso com a dispensa coletiva:
- Desconheço qualquer uma dessas afirmações. Foi tudo normal até quarta à tarde, quando não consegui mais contato com ele (Jardel). Trabalhei normalmente até as 10h de hoje (segunda-feira).
Bastos Filho disse, ainda, que foi nomeado pelo próprio deputado, e não imposto pelo partido.
Antes da eleição, Jardel concedeu entrevista ao La Urna. Confira abaixo.