Após quatro mortes em cinco dias no Complexo do Alemão - entre elas a do garoto Eduardo de Jesus, de 10 anos, morto com um tiro de fuzil na porta de casa, na última quinta-feira - o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), afirmou, neste domingo, que o conjunto de favelas será reocupado pela Polícia Militar.
Em nota divulgada pela assessoria de imprensa do governo, Pezão não detalhou prazos para a ocupação, mas disse que ocorrerá sem a presença das Forças Armadas.
- Vamos entrar mais fortes, fazer uma reocupação. Segurança continua sendo nossa política mãe - declarou o governador.
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A proposta é alocar no conjunto de favelas novos policiais recém concursados. Segundo Pezão, há mais de seis mil policiais aprovados, com contratação prevista para este ano. O governador prevê também a reciclagem dos atuais PMs que já atuam em Unidades de Polícia Pacificadora (UPP).
- A gente já vem discutindo o fortalecimento de algumas UPPs. O Alemão é uma delas. Vamos fortalecer, colocando mais policiais. Nesses três meses de governo, já formamos mais de 1.100 PMs e vamos intensificar a ocupação no Alemão - afirmou o governador, segundo o qual já há novos policiais em treinamento.
Pezão voltou a dizer que o Estado "não vai retroceder" no combate à violência "nas áreas mais conflagradas", mas defendeu que a política de segurança seja um "instrumento" para levar às comunidades outros serviços públicos básicos, como abastecimento de água e esgoto.
- A gente tem que se adaptar. ê um processo de seis, sete anos, que a gente tem que ir reavaliando, vendo o que deu certo, o que deu errado. A gente sabe que não é só segurança. Estamos fazendo um grande esforço e não vamos retroceder. Pelo contrário, segurança continua sendo o nosso mantra, nossa política mãe - disse o governador.
Família de Eduardo
Na manhã deste domingo, familiares do garoto Eduardo de Jesus embarcaram para o Piauí, onde o corpo será sepultado na cidade de Corrente, a 864 quilômetros de Teresina. A viagem e o traslado do corpo foram pagos pelo governo do Estado. O pai de Eduardo, José Maria Ferreira de Souza, disse que a família voltará ao Rio em dez dias para acompanhar as investigações da polícia.
Os parentes contestam a versão da Coordenadoria das UPPs de que Eduardo foi atingido por uma bala perdida durante confronto entre policiais e criminosos. A mãe do menino, Terezinha Maria de Jesus, diz que o filho foi morto por um policial quando minha esposa, sim. Ela reconheceria (o policial). Quero justiça para meu filho", disse José Maria.
O caso está sendo investigado pela Divisão de Homicídios (DH). O delegado chefe, Rivaldo Barbosa, se encontrou com familiares de Eduardo no último sábado e prometeu esclarecer o crime. "Não vai ter proteção a ninguém, é preciso definir quem atirou e punir os responsáveis", afirmou Barbosa.
Policiais militares do Batalhão de Choque e da Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP) que atuavam na comunidade de Areal no momento da morte de Eduardo respondem a Inquérito Policial Militar (IPM). Eles foram afastados do trabalho nas ruas e entregaram as armas para a realização de exame balístico.