Desde o 11 de Setembro, quando quatro aeronaves civis foram sequestradas e utilizadas como mísseis contra alvos do governo dos Estados Unidos, é lugar comum associar acidentes aéreos e terrorismo.
Antes de 2001, existia uma longa história de atentados contra aeronaves. Mas a imensa escala de perda de vidas humanas e patrimônio associada ao 11 de Setembro transformou esse risco em algo ainda mais vivo para milhões de pessoas.
Saiba quem era o copiloto do voo da Germanwings
A ideia de utilizar aviões nos ataques de 11 de Setembro partiu de um kuweitiano de origem paquistanesa, Khaled Sheikh Mohammed.
Engenheiro com formação nos Estados Unidos, ele propusera inicialmente que integrantes da Al-Qaeda sequestrassem as aeronaves para, ao final, aterrissá-las sãs e salvas e divulgar uma proclamação contra a presença de tropas americanas na Arábia Saudita.
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Mais tarde, o plano evoluiu para um atentado contra símbolos do poderio americano, como as Torres Gêmeas do World Trade Center (Nova York), o Pentágono (Washington) e o Capitólio (para onde se dirigia o Boeing que caiu na Pensilvânia). Hoje, Mohammed é um dos prisioneiros que aguardam julgamento pelos atentados no presídio de Guantánamo, base americana em Cuba.
Desde o 11 de Setembro, porém, o aumento das medidas de segurança em aeroportos e linhas aéreas tornou praticamente impossível um ataque nas mesmas proporções.
No caso da queda do Airbus A320 que fazia o voo 9525 da Germanwings, na terça-feira, a possibilidade de um acidente causado por ataque terrorista esteve sobre a mesa desde o princípio. Até o momento, porém, a grande maioria das informações disponíveis parece desmentir essa hipótese:
Gravações obtidas a partir de uma das caixas-pretas do avião, que registram conversas e ruídos na cabine, não contêm qualquer indício de que o aparente responsável pela queda, o copiloto Andreas Lubitz, estivesse agindo de acordo com intenções ou planos terroristas.
Lubitz não tinha ligação aparente conhecida com indivíduos ou grupos terroristas.
Nem a companhia aérea, uma subsidiária da gigante alemã Lufthansa, nem os passageiros do avião, em sua maioria de nacionalidade espanhola, alemã e turca, faziam parte de segmentos étnicos, religiosos ou culturais particularmente visados por grupos terroristas ativos.
Nenhuma organização terrorista conhecida reivindicou a queda do avião como ação terrorista ou lançou qualquer proclamação a respeito.
Existem, no entanto, uma série de lacunas nas informações a respeito de Lubitz. A Lufthansa informou que não tornaria públicos os dados de piloto e copiloto a fim de proteger a privacidade de familiares. A identidade do copiloto foi revelada pelo procurador federal de Marselha, Brice Robin, mas a do piloto continua sendo mantida em sigilo. Entre as perguntas que devem ser respondidas a fim de que a possibilidade de atentado fique definitivamente descartada, estão as seguintes:
Por que Lubitz interrompeu subitamente seu treinamento de piloto, retomado mais tarde?
Por que o copiloto foi definido como "mentalmente instável" por amigos citados pela imprensa?
Por que o copiloto permaneceu em absoluto silêncio nos minutos finais do voo?
Dada a dimensão do acidente e o fato de que as investigações estão sendo realizadas na França, é provável que essas respostas surjam nos próximos dias.