O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, está envergonhado pela carta aberta que os senadores republicanos enviaram aos líderes iranianos, contra as negociações sobre o programa nuclear do país.
- Estou envergonhado por eles - declarou Obama, segundo os trechos publicados nesta sexta-feira de uma entrevista com Shane Smith, cofundadora do grupo de informação Vice, que será divulgada na íntegra na próxima segunda-feira.
Em uma carta aberta publicada na segunda-feira, 47 dos 54 senadores republicanos advertiram "os dirigentes da República Islâmica do Irã" que apenas o Congresso americano possui o poder para levantar definitivamente as sanções americanas, impostas com leis nos últimos anos.
O presidente se surpreendeu ao ver seus adversários republicanos "se dirigirem ao aiatolá (Ali Khamenei, o líder supremo iraniano) que, segundo eles, é nosso inimigo jurado".
- Não discutam com nosso presidente porque não podem confiar nele para fazer o acordo ser aplicado - acrescentou Obama, que considerou a carta um ato sem precedentes.
Após 18 meses de negociações, o grupo 5+1 (Estados Unidos, Rússia, Reino Unido, França, China e Alemanha) e o Irã deverão fechar um acordo político até 31 de março sobre o programa nuclear iraniano, e negociar os detalhes técnicos até 1º de julho. O grupo 5+1 exige que o Irã reduza as capacidades nucleares, para impedir que Teerã possa armazenar urânio enriquecido suficiente para poder fabricar uma bomba atômica. O Irã, por sua vez, reivindica seu direito a um programa nuclear civil e pede o levantamento das sanções econômicas ocidentais.
O secretário de Estado americano, John Kerry, muito envolvido no tema iraniano, deve se reunir na Suíça a partir de domingo com seu colega iraniano, Mohammad Javad Zarif, para a reta final das negociações.
*AFP
