Investigado ao lado de cinco colegas do PP gaúcho, o deputado federal José Otávio Germano aparece em outro inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal (STF) para apurar o esquema de corrupção na Petrobras.
Com o também deputado Luiz Fernando Faria (PP-MG), Germano teria participado de intermediação de um repasse de R$ 200 mil ao ex-diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa, para favorecer uma empresa de engenharia em licitações da petroleira.
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Em espécie, com o dinheiro acondicionado em uma sacola, o pagamento teria ocorrido em um hotel de luxo no Rio de Janeiro. A informação do repasse foi feita em depoimento do próprio Paulo Roberto, conforme consta na petição 5265, protocolada pelo Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, no STF.
O documento embasou a decisão do ministro Teori Zavascki, que autorizou a abertura do inquérito. Em depoimento de setembro de 2014, Paulo Roberto Costa afirmou que os deputados federais José Otávio Germano e Luiz Fernando Faria, em 2009 ou 2010, solicitaram ao ex-diretor que viabilizasse a participação da empresa de engenharia em processos licitatórios da Petrobras.
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O delator completou que, após atendido o pedido, ele recebeu de Luiz Fernando R$ 200 mil como "agradecimento". Paulo Roberto não tinha certeza da data do repasse, que teria ocorrido em 2010 ou 2011. O ex-diretor contou que o pedido para ajudar a empresa foi feito por Faria e Germano na sede da Petrobras, no Rio de Janeiro.
No encontro, ele diz que não teve promessa de vantagem, mas apenas a solicitação em favor da empreiteira, que constava no cadastro da petroleira, mas "não estava sendo chamada para participar das licitações maiores na Diretoria de Abastecimento, já que não era do "grupo A", que abrangia as empresas com maior capacidade."
No depoimento, Paulo Roberto revela que a empresa venceu, posteriormente, licitação para a construção de prédios administrativos do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). No entanto, o ex-diretor negou favorecimento à empreiteira, que também venceu uma licitação, em consórcio, na Refinaria Premium I, no Maranhão.
Em outro depoimento, datado de fevereiro de 2015, Paulo Roberto afirmou que Faria e Germano estavam presentes no hotel no Rio de Janeiro, no dia da entrega do dinheiro. Voltou a negar vantagem para a empreiteira, mas confirmou ter recebido um "agrado" de R$ 200 mil.
Janot afirmou na petição que as declarações de Paulo Roberto estão "em linha de sintonia" com as prestadas pelo doleiro Alberto Youssef, em depoimento de novembro de 2014. O doleiro relata que procurou a empresa de engenharia para cobrar recursos em virtude de sua contratação pela Petrobras graças à "ingerência pessoal do Deputado Federal Luiz Fernando do Partido Progressista junto a Paulo Roberto Costa".
CONTRAPONTO: o que disse, em nota, José Otávio Germano
"Tendo sido surpreendido com a notícia de que meu nome consta dentre aqueles que o Senhor Procurador Geral da República solicitou a abertura de investigação no STF, relativo a fatos supostamente havidos no âmbito da operação Lava Jato, em respeito à opinião pública, tenho a dizer:
1- Não há hipótese de que algo desabonatório ao meu nome ou a minha conduta possa ser encontrado nas investigações da operação Lava Jato, causando-me indignação e repúdio eventual ilação;
2- Como homem público e agente político, me coloco a disposição das autoridades para quaisquer esclarecimentos necessários, bem como para atender aos comandos eventualmente a mim dirigidos;
3- Rechaço e lamento, de forma veemente, a inclusão de meu nome no rol de parlamentares relacionados a esta investigação, mas asseguro à sociedade brasileira e em especial aos cidadãos gaúchos que não tenho absolutamente nada a ver com quaisquer ilícitos relativos a Petrobrás.
4- Já conversei com meu advogado em Porto Alegre, Dr. José Antônio Paganella Boschi, que poderá prestar qualquer outro esclarecimento."