O aumento do número de homicídios e agressões em serviços de saúde do Rio Grande do Sul tem preocupado funcionários, pacientes e administradores. Em março, uma mulher foi morta e um agente penitenciário baleado em hospitais gaúchos. Para especialistas, o acesso facilitado nesses locais é um dos motivos para a ocorrência dos delitos, que só reduzirão com reforço na segurança.
O sociólogo especialista em segurança Juan Mario Fandino Marino afirma que a frequência dos crimes em serviços de saúde pode estar ligado com o fenômeno de "estruturação das oportunidades". O termo é usado por especialistas para explicar a mudança de cenário dos delitos escolhida pelos criminosos. Acontece, conforme Fandino, quando o crime organizado elege lugares desprotegidos ou "fora de suspeita" para atuar. Quando a polícia fecha o cerco para esses lugares, os criminosos migram novamente, estruturando novas oportunidades.
- Imagino que nos últimos anos as gangues tenham escolhido os hospitais para acertarem suas contas, por serem locais onde ninguém suspeitava que isso pudesse acontecer. A tendência é que os casos só aumentem caso não haja prevenção - afirma Marino.
Já na avaliação do professor Rodrigo de Azevedo, integrante do Programa de Pós-Graduação em Ciências Criminais da PUC-RS, os atos violentos nos serviços de saúde ainda são pontuais e seria prematuro afirmar que há uma tendência de os criminosos escolherem esses locais para execuções. No entanto, ele afirma que esses ambientes favorecem crimes por não serem bem vigiados.
- Há um certo amadorismo na segurança desses locais, as pessoas passam sem serem percebidas - argumenta.
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Entrada precisa de maior controle
Para ambos especialistas, reforçar o controle na entrada desses locais é essencial para que casos de violência não se repitam.
- Uma alternativa é permitir a entrada apenas de quem o paciente ou um familiar aceitar. Como fazemos nos condomínios, onde é preciso autorização do morador para entrar - afirma Marino.
O sociólogo também sugere que os hospitais tenham profissionais de segurança trabalhando dentro dos locais, que possam ser acionados com agilidade. A presença de policiais na entrada dos locais, ou pelo menos fazendo o monitoramento por meio de rondas, também é apontada como uma solução por Marino.
- Viabilizar uma estrutura de segurança envolve mais custos e mais funcionários, mas, quando hospitais vivenciam tiroteios, podem estar dispostos a investir - explica.
No caso de instituições públicas, a segurança é responsabilidade dos governos que as mantêm.
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No infográfico, veja a evolução dos casos ano a ano: