Em depoimento à Justiça Federal no Paraná, o ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli afirmou que as aquisições de navios-sonda das empresas Mitsui e Samsung para a estatal em 2006 e 2007 ocorreu de forma regular e respeitou 'todos os procedimentos' da petrolífera.
As aquisições estão na mira da força-tarefa da Lava-Jato que acusa o ex-diretor de Internacional Nestor Cerveró e o lobista Fernando Baiano, apontado como operador do PMDB no esquema, de receber propina de R$ 30 milhões pelo negócio.
Gabrielli, por sua vez, afirmou que Cerveró nunca lhe pediu nenhum tipo de "facilitação" nas negociações para as compras do equipamento com as empresas estrangeiras.
- Acredito que as duas sondas seguiram em ultima instância todos os procedimentos da Petrobras - afirmou Gabrielli em audiência realizada por videoconferência na quinta-feira.
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Segundo o executivo, a compra dos equipamentos envolve várias decisões da diretoria executiva da estatal, e não apenas o diretor da área Internacional. As decisões colegiadas são feitas com base em pareces técnicos das diretorias internacional e de finanças, além de um parecer do setor jurídico da empresa.
- Existem várias aprovações, cada uma tem uma pauta, uma ata - disse.
Gabrielli diz que não conhece lobista
O juiz Sérgio Moro, que conduz todas as ações penais da Lava-Jato, indagou de Gabrielli como ele conheceu o lobista Julio Camargo, que fez delação premiada e fez ruir o esquema de corrupção na Petrobras. Gabrielli explicou que fez viagens ao exterior na condição de diretor financeiro e, depois, de presidente da estatal.
- Tive poucos contatos com Julio Camargo.
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O juiz perguntou ao ex-presidente da Petrobras se ele lembra qual era o papel de Camargo.
- Ele era o representante da Mitsui no Brasil, pelo que me consta. Representava comercialmente (a Mitsui), tinha participações nas reuniões com os técnicos. Mas não tive nenhuma reunião pessoal com ele.
Segundo a denúncia da força-tarefa da Lava-Jato, Julio Camargo foi o responsável por pagar as propinas a Fernando Baiano "por meio de contas offshores no exterior ou em nome de terceiros, com base em contratos simulados e falsas justificativas de câmbio, tudo com o fim de evitar a identificação dos envolvidos, a natureza espúria do dinheiro e a sua atual localização, tornando seguro o produto do crime", assinala a Procuradoria da República.
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Gabrielli disse que não conhece o lobista Fernando Falcão Soares, o Fernando Baiano, preso pela Operação Lava-Jato como suposto operador do PMDB na Diretoria Internacional da Petrobras, gestão Nestor Cerveró - ambos, Baiano e Cerveró, estão presos em Curitiba, base da Lava-Jato.
- Não conheço o senhor Fernando Soares. Não me recordo se ele esteve presente em reuniões com a Mitsui e a Sansung. Não consigo lembrar quem era o senhor Fernando Soares - afirmou Gabrielli.
*Estadão Conteúdo