O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), escolheu a CPI da Petrobras como instrumento para demonstrar seu descontentamento pela inclusão de seu nome na lista de inquéritos da Operação Lava-Jato. O PMDB apresentará nesta quinta-feira, na primeira sessão de fato da comissão, um pacote de medidas que contraria o PT e o governo federal.
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Aliado de Cunha, o presidente da CPI, Hugo Motta (PMDB-PB), anunciará a contratação de uma empresa estrangeira para investigar movimentações financeiras no exterior e a criação de quatro sub-relatorias - enfraquecendo o trabalho do relator, Luiz Sérgio (PT-RJ) -, além de não permitir a ampliação das investigações para o governo de Fernando Henrique Cardoso e dar prioridade a um requerimento que questiona os acordos de leniência defendidos pelo governo.
Para investigar crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas, Motta planeja contratar a multinacional Kroll, uma das maiores empresas de auditoria e investigação mundial, que já atuou em casos como o processo de impeachment do ex-presidente Fernando Collor.
- A CPI não pretende ficar a reboque das informações do Ministério Público Federal e da Polícia Federal. Estamos convencidos de que existem informações que não foram alcançadas - disse o líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ).
Cunha também apoiou a contratação da empresa.
- Se a CPI deliberar qualquer tipo de contratação de empresa de investigação, a mim só cabe apoiar a CPI. Não faltará apoio até porque queremos que essa investigação vá a fundo, se apure tudo o que tem que ser apurado - disse o presidente da Câmara.
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Convocação
Motta também deve dar atenção especial a um requerimento do deputado Carlos Marun (PMDB-MS) para convocação do ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Valdir Simão, para esclarecer a possibilidade de se firmar acordos de leniência com empresas investigadas. A intenção é enfraquecer a possibilidade de acordo, que permite às empreiteiras pagar multas menores e continuar fazendo contratos com o poder público.
O presidente da comissão comunicará oficialmente hoje que a CPI não poderá ser estendida ao período do governo FHC e anunciará os nomes dos quatro sub-relatores, que dividirão o trabalho com Luiz Sérgio.
- Quem pensava que se estava preparando uma pizza pode se preparar que vai ser uma pizza de pimenta malagueta, bem ardida - disse Marun.
Petistas se mostraram surpresos com as proporções da rebelião do PMDB na CPI. O relator Luiz Sérgio ainda ontem ajustava o cronograma de trabalho que apresentará na sessão desta quinta-feira. O ex-ministro de Relações Institucionais do primeiro governo Dilma Rousseff disse a interlocutores ser contrário, por exemplo, ao estabelecimento das sub-relatorias, por "pulverizar" seu trabalho.
Sérgio deve apresentar um plano de trabalho enxuto e com uma série de pedidos de convocação de nomes já mencionados nos 336 requerimentos apresentados até ontem. Com a impossibilidade de ampliar o período a ser investigado, o partido pretende garantir a convocação de Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobras que em depoimento à Polícia Federal disse ter começado a receber propinas em 1997. O relator também vai solicitar a participação de representantes da PF, da CGU, da Advocacia-Geral da União (AGU) e do Tribunal de Contas da União (TCU) para dar celeridade ao trabalho.
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