Apesar de nunca ter participado do movimento sindical, o caminhoneiro Odi Antônio Vani, 42 anos, se tornou um dos líderes informais da paralisação no Rio Grande do Sul. Natural de Palmeiras das Missões, com 20 anos de estrada, Vani conversou na semana passada por cerca de 20 minutos com o ministro Miguel Rosseto por telefone. Elogia a abertura do governo ao diálogo, mas garante que a paralisação só termina quando houver ações concretas do Planalto.
A paralisação vai continuar até quando?
Nosso movimento continua. Continuamos parados esperando um retorno da presidnete Dilma ou do Ministro Rosseto. Vai continuar a paralisação enquanto o governo não tomar uma atitude.
O senhor recebeu alguma intimação da Justiça?
Não. Por que eu receberia? Não sou líder de nada. Não bloqueamos nada. Estamos apenas parados, esperando melhores condições de trabalho. Nós queremos trabalhar. Só estamos parados esperando uma contrapartida do governo. A gente não quer prejudicar a sociedade.
O movimento extrapolou os sindicatos e é bastante descentralizado. Isso ajuda a ampliar os conflitos?
A mobilização é descentralizada, mas a pauta é a mesma. Conflitos são pontos isolados, um ou outro motorista mais exaltado. Mas em geral o movimento é muito pacífico. Convidamos o pessoal a ficar e a maioria fica mesmo.
Alguns comentam que os protestos estão sendo inflados por partidos políticos.
Até agora recebemos apoio de vários prefeitos, de tudo que é partido. Estamos conscientes que o nosso movimento não é politicagem. Estamos simplemente esperando o governo tomar uma atitude. Tem que parar com essa história de Impeachment da Dilma. Isso é coisa para os políticos resolverem depois. Estamos só querendo melhorar as condições de trabalho dos caminhoneiros.
O governo congelou o preço do diesel e já mostrou disposição em discutir o preço do frete. O que falta?
Falta uma ação de verdade do governo. Tem que fazer algo mais concreto com relação a tabela de frete e ao preço do diesel, só mostrar disposição não basta. Eu entendo que seja complicado reduzir o preço do combustível, mas não podemos abrir mão da tabela mínima de frete. E também estender os financiamentos a todos os autônomos. Porque hoje isso não existe. Se você for em qualquer banco, vai ver. Eles só emprestam para grandes empresários.
Como foi a conversa com o ministro Rosseto?
Foi uma conversa muito franca, amistosa. Ele se propôs a vir a Palmeira das Missões depois que acabar a greve para comermos um churrasco. Prometeu algumas coisas, mas ainda não fez nada de concreto.
Tem alguma outra meneira de reinvindicar se não paralisando as atividades?
Infelizmente não. Os prefeitos da região estão conosco nos apoiando. Claro que não queremos ficar mais 20 dias parados. Mas se precisar ficar mais dois, mais três dias, iremos. Não abrimos mão.