Uma equipe da Polícia Rodoviária Federal (PRF) foi surpreendida após prender em flagrante dois homens que circulavam em um Ford Ecosport clonado e cheio de aparelhos recém-furtados de uma casa, no domingo de Carnaval, em Porto Alegre. Um deles é um apenado que utilizava uma tornozeleira eletrônica envolta em papel-alumínio para burlar o sistema de monitoramento à distância.
- Foi a primeira vez que vimos alguém utilizando esse tipo de recurso. Bloqueia o envio do sinal que dá a localização da tornozeleira - afirma o inspetor da PRF Luis Reischak.
O homem, que não teve o nome divulgado, tem 37 anos e antecedentes por arrombamento, receptação, porte ilegal de arma, formação de quadrilha, tráfico de entorpecentes, entre outros delitos. Não foi a primeira vez que procurou driblar a vigilância eletrônica: em agosto do ano passado, acabou preso após invadir uma casa e levar TVs e um notebook com a tornozeleira também envolta em alumínio, conforme a PRF.
Neste domingo, ele e um comparsa de 40 anos circulavam pela BR-290 com o carro clonado quando despertaram suspeita em uma equipe de policiais. Além de verificar que o carro havia sido roubado em Alvorada no final do ano passado, a PRF encontrou uma TV, notebooks, monitor e um tablet que haviam sido recém levados de uma residência.
- Logo depois da prisão, foi descoberto o alumínio em volta da tornozeleira - conta Reischak.
O chefe da Divisão de Monitoramento Eletrônico da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), Cezar Moreira, confirma que o papel-alumínio é capaz de bloquear os sinais de GPS e GPRS (um localiza a tornozeleira, e o outro transmite a informação para a central de monitoramento).
- É uma limitação tecnológica para a qual não há solução até o momento - afirma Moreira.
O servidor da Susepe argumenta, porém, que o uso da artimanha não é garantia de impunidade. Segundo Moreira, sempre que o sinal é bloqueado, gera uma ocorrência de perda de contato com o aparelho em tempo real. Assim que possível, é enviada uma viatura para verificar o paradeiro do usuário. Se ele não for encontrado, é dado como foragido. Se for localizado e não houver nenhum problema técnico com a tornozeleira, pode voltar ao regime fechado.
- Já tivemos alguns presos recolhidos por tentar burlar o sistema dessa forma, mas mesmo assim podemos dizer que o monitoramento eletrônico funciona - argumenta Moreira.
Segundo a Susepe, dos cerca de 5 mil presos que passaram pelo monitoramento eletrônico desde 2013, cerca de 6% reincidiram no crime. A dupla foi conduzida à 3ª Delegacia de Pronto Atendimento de Porto Alegre, onde seria registrado o flagrante.