O racionamento de energia poderá se "autodecretar" no Brasil até junho caso o governo não tome medidas imediatas, alertou nesta quinta-feira, Marco Antônio Siqueira, diretor da PSR Consultoria, especializada em mercados de eletricidade e gás.
Em seminário "Eficiência no Uso de Recursos Naturais" promovido pela Câmara Americana de Comércio (Amcham) Brasil, ele defendeu que, neste momento, mais importante do que ações que busquem o uso eficiente, são "gestões" que tragam impactos sobre a demanda no curto prazo.
A PSR Consultoria estima que, com a crise financeira do setor elétrico brasileiro, o reajuste médio da conta de energia para residências será de 41% neste ano, resultado do aumento do custo de R$ 344/ MWh, em 2014, para R$ 485/MWh, em 2015. Esse reajuste, contudo, poderá ser maior, pois esses números não levam em conta os cerca de R$ 40 bilhões referentes a indenizações de ativos de transmissão anteriores ao ano 200 e a prejuízos causados às hidrelétricas pelo esvaziamento acelerado dos reservatórios.
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Siqueira ponderou que o governo "tem pouco tempo para agir". Ele lembrou que janeiro de 2015 apresentou a pior vazão dos reservatórios da história, após 2014 ser o pior ano, e que a continuidade de chuvas em fevereiro depende de fatores naturais.
Caso as chuvas sejam interrompidas no segundo mês do ano, o solo deverá voltar a ficar seco, pois não absorverá a água necessária para que os reservatórios voltem aos níveis normais, e "começa tudo do zero".
- Sobra só março, porque abril já é de baixa hidrologia - alertou.
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O diretor da PSR Consultoria defendeu que um eventual racionamento deve levar em conta o "equilíbrio da indústria". Uma ideia, citou, seria decretar um racionamento inicial de 5% para residências e comércio. De acordo com o especialista, esse porcentual seria suficiente para administrar uma "redução zero" de energia para o setor industrial, o que ajudaria a "passar o ano com impacto zero" da crise hídrica no PIB.
- Se não tiver um arcabouço legal (para o racionamento), a quantidade de confusões que vão ter vai ser grande - avalia.
*Estadão Conteúdo