Centenas de caminhoneiros participam de protestos em trechos das estradas da Região Central nesta quarta-feira. As manifestações ganharam força nos últimos dias e têm repercutido em todo o país, principalmente em função do temor pelo desabastecimento nos postos de combustíveis e prejuízos na indústria de alimentos e nos setores de economia. Os protestos de caminhoneiros espalhados por diferentes Estados é contra a alta do diesel, dos pedágios e pelo aumento no valor dos fretes.
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Em Júlio de Castilhos, um caminhão que estava retido no posto de combustíveis Santa Lúcia, na altura do Km 265, na BR-158, acabou saqueado durante a tarde de terça-feira. O caminhão, com placas de Santa Maria, teve 100 quilos da carga furtada ( o caminhão carregava cerca dede 2 mil quilos de carne), por volta das 17h30min. O motorista do veículo, Walese Becher, 23 anos, conta que estava no pátio conversando com outros motoristas quando o caminhão foi arrombado.
De acordo com o registro feito na Brigada Militar (BM), um grupo de 15 manifestantes quebrou o cadeado da câmara fria e levou o produto. Na tentativa de evitar novos saques, os motoristas dos caminhões que possuem câmaras frias estacionaram os veículos ao lado e de costas um para o outro, para bloquear o acesso às portas traseiras.
- Eu quero mostrar que existe baderneiros no meio do protesto. E que não é tão pacífico como eles estão falando - disse o Jair Carlos Schirmer, dono da transportadora.
Na manhã desta quarta, cerca de 200 pessoas participam do protesto no município. A manifestação recebeu reforços de 40 máquinas agrícolas (tratores e colheitadeiras) e conta com a adesão de agricultores e produtores de leite da região. De acordo com os organizadores, cerca de 300 caminhões permanecem no pátio do posto Santa Lúcia, na BR-158.
Em Cruz Alta, ainda na noite de terça, a Força de Choque da Polícia Rodoviária Federal precisou intervir na manifestação para garantir o direito de passagem dos veículos que não participavam do protesto. Após a chegada do batalhão, cerca de 40 caminhões que estavam retidos no pátio do posto de combustíveis Pampeano, próximo ao Km 202, na BR-158, deixaram o local. A dispersão ocorreu de forma pacífica, sem intervenção física da polícia.
O bloqueio da BR-377, em Cruz Alta, foi liberado ainda na noite de terça-feira. Os caminhoneiros que participam do protesto na BR-158 permaneceram a noite no local. Na manhã desta quarta, a manifestação continuou com panfletagem e abordagem dos veículos de carga pesada, porém, nenhum caminhão foi retido. No final da manhã, o protesto já havia terminado, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Em São Sepé, 60 manifestantes seguem concentrados no posto Cotrisel, às margens da BR-392, na altura do Km 296. Na manhã desta quarta, havia aproximadamente 200 caminhões estacionados no pátio do posto. Alguns carregam produtos perecíveis. Conforme um dos organizadores do protesto, já foram entregues cerca de 5 mil panfletos desde segunda-feira. Nesta tarde, uma reunião entre representantes do comércio local deve decidir a adesão dos comerciantes ao movimento.
Na BR-287, em São Vicente do Sul, cerca de 20 manifestantes se reuniram na manhã desta quarta. Segundo os manifestantes, cerca de 20 caminhões permanecem no pátio do posto de combustível Da Nice, na altura do Km 330, próximo ao trevo de acesso da cidade. Duas caçambas e tratores fazem o bloqueio da pista por 30 minutos, e depois liberam a via apenas para veículos leves.
O chefe da 9ª Delegacia da Polícia Federal, com sede em Santa Maria, Marcelo Ramos da Silva, afirmou que está pedindo apoio da BM para monitorar as manifestações em Júlio de Castilhos:
- Hoje está mais complicado que ontem. Houve retenção de mais veículos e os ânimos estão mais acirrados - comentou o policial rodoviário.
Segundo a PRF, ainda não houve nenhuma decisão judicial referente aos bloqueios da área de cobertura da 9ª delegacia, que afetariam o andamento dos protestos em Júlio de Castilhos e São Sepé.
Veja os pontos bloqueados no Rio Grande do Sul:
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