Tramandaí
Foto: Bruno Alencastro
Há tempos a comunidade estava insatisfeita com a situação do local, que já virou ponto turístico. Em relação ao restauro, o bolicheiro Antônio Padula, que tem comércio na região, relata que a população fez diversos pedidos à prefeitura - e nada. Até que, há cerca de duas semanas, às vésperas da festa, uma tríade de devotos voluntários começou a liderar a reforma.
A arquiteta Mara Gazola fez o projeto, o empresário Gerson Bittelo comprou os materiais, e o mestre de obras Basílio Costa trouxe sua equipe para colocar a mão na massa. Eles trataram de trocar o piso, substituindo o comum por granito, e colocaram bancos onde se queimavam velas. Ainda falta revestir a coluna de azulejos com pedras brancas no pedestal e colocar uma cúpula em volta dela.
- É um santuário da cidade. Tentamos preservar - disse Bittelo.
Atlântida Sul
Foto: Bruno Alencastro
No ano passado, quando se ocupava dos preparativos para a festa de Navegantes, Silvia Niederauer pediu à santa um novo amor, e foi exigente: tinha que ser moreno, alto e de olhos verdes. Passados alguns meses, conheceu Ricardo Azevedo, que veio exatamente nos moldes requeridos. Ainda melhor: ele também é devoto de Iemanjá.
Casados com a bênção da "santorixá", este ano os dois irão à festa da religião católica e da umbanda juntos, para agradecer à bênção de terem encontrado um ao outro. Na praia onde tudo começou, tornaram-se os cuidadores da imagem.
- Ela zela por nós, e nós por ela - dizem.
Capão da Canoa
Foto: Bruno Alencastro
Para rezar pelos fiéis e dizer que seus pedidos em relação à saúde, família e amor serão atendidos, a rezadeira, mãe de santo ou curandeira Maria Rosália da Conceição instalou-se, há poucos dias, ao lado da imagem que fica à beira-mar. Ela fica ali disponível, caso as pessoas queiram conversar sobre a fé, dividir algum sentimento bom ou ruim. Conversa com gente como Sônia Ujvari, devota fiel que aparece todos os dias para pedir a benção.
- Sempre alcanço as graças que preciso, ela me ajuda muito - diz, olhando ao mesmo tempo para a imagem e para o mar.
Santa Terezinha
Foto: Bruno Alencastro
Responsável pela instalação de Iemanjá há 22 anos, a mãe de santo Rose de Iansã diz que todos que passam por ali querem receber um passe. Rose diz receber bem mesmo os que são de outras religiões. Como recebe muitas visitas nesta época do ano, Rose trabalha dobrado:
- Ninguém sai daqui sem levar bênção, pode chegar.
Ao ver a imagem pela primeira vez, o visitante Auri José Juchem mostrou-se impressionado com o que viu: um cenário repleto de flores e música.
- Muito linda, bem enfeitada, com bastante visitantes. Emana muita fé deste lugar - descreve.
Definida como santa (Nossa Senhora dos Navegantes, para os católicos), e como orixá (Iemanjá, para os umbandistas), a divindade homenageada neste feriadão movimenta milhares de fiéis de ambas as religiões e está instalada em diversos pontos do litoral norte e sul do Estado - na praia do Cassino, em Rio Grande, está uma das principais.
No ano passado, o professor de ecologia da UFRGS Luiz Alberto de Souza Pedroso, mapeou a presença de Iemanjá nas praias e concluiu que o Rio Grande do Sul é o Estado com maior número de imagens, com 12 ao longo da costa. O resultado está na obra As Iemanjás do Litoral, publicado pela editora Tramandahy, em 2014.
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- O meu livro mostra flores, praias e as próprias santinhas sendo preservadas pela população. Infelizmente, notei diversas situações de depredação e vandalismo e, por isso, decidi reunir as belezas que vi no caminho, para divulgar sua importância.
Seguindo a indicação do pesquisador, ZH registrou algumas histórias de fé e adoração à padroeira do mar.