Apesar de o próprio governo estadual ainda desconhecer o alcance do decreto que suspende o pagamento de dívidas, alguns dos setores mais afetados serão os prestadores de serviço de vigilância e limpeza e os distribuidores de medicamentos. Embora o secretário da Fazenda, Giovani Feltes, assegure que serviços essenciais serão preservados, também há possibilidade de prejuízo para os fornecedores e empreiteiras que atuam em presídios e escolas, envolvendo desde obras até entrega de alimentos. São esses os setores que detêm o maior número de contratos com o governo estadual.
A reação por parte do empresariado foi imediata e forte.
- Todos fomos pegos de surpresa. As obras vão ter de parar, e as empresas vão ter de demitir ou ir ao bancos tomar empréstimos - avaliou Ricardo Sessegolo, presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Estado (Sinduscon-RS).
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Sessegolo explicou que, somente no Sinduscon, estão 80 empresas de pequeno e médio porte que são credoras do Estado por terem feito edificações recentes de reforma ou ampliação em escolas, creches, hospitais e presídios. Juntas, elas têm a receber cerca de R$ 150 milhões.
O decreto encontrou ressalvas mesmo entre apoiadores de medidas de contenção de custos, como o presidente da Agenda 2020, Humberto Busnello.
- Vamos ver se o ajuste vai ser para todos os setores da sociedade - disse Busnello, em referência indireta aos gastos e aumentos salariais dados ao Judiciário e Legislativo.
O ex-secretário da Fazenda Odir Tonollier assegurou que o caixa tem "fôlego considerável", apontando que R$ 1 bilhão está em uma conta do Banrisul, entre caixa único e depósitos judiciais. Odir acrescentou que R$ 1,1 bilhão, de convênios com a União já recebidos, foram deixados no Banco do Brasil e na Caixa Econômica Federal.
- Se suspender pagamentos, vai acabar paralisando a prestação dos serviços. Ninguém trabalha sem receber - avaliou Odir.
*Zero Hora