Na Rua Augusta, uma das mais famosas de São Paulo, falta água. Mas também sobra. O líquido, ausente das torneiras por horas, escorre abundante pela sarjeta dia e noite, proveniente de um poço natural encontrado em escavações para uma obra. Como não é canalizado ou tratado, acaba despejado no meio-fio. A crise hídrica, porém, vem estimulando um número crescente de moradores e trabalhadores a recolher a água em baldes e garrafas para utilizá-la em atividades como limpeza.
Zelador de um prédio da região, o cearense José Senna, 50 anos, disse que só foi conhecer falta de água na maior cidade do país. Em seu Estado natal, no Nordeste famoso pela aridez, ele sempre teve as torneiras abastecidas. Certa vez, teve a ideia de juntar um balde e recolher o líquido da rua para lavar a calçada quase todos os dias e, aos sábados, o saguão de entrada do edifício.
Leia todas as últimas notícias sobre a Crise da Água
Leia todas as últimas notícias de Zero Hora
- Fui o primeiro. Deu uma pena de ver essa água tão clarinha sendo desperdiçada. Mas hoje já tem uma porção de gente usando a água do meio-fio - conta Senna.
Entenda as causas da e os desafios para vencer a crise hídrica
Saiba quanta água é necessária para fazer o que você consome
Veja 12 ideias de outros países para solucionar a crise da água
Sócia-proprietária de um pub nas proximidades, Fátima Yates lamenta não poder usar a água em seu negócio. Ela já foi obrigada a fechar as portas mais cedo porque não havia como higienizar os banheiros:
- Compramos mais três reservatórios de 300 litros, além de um de 3 mil litros que já tínhamos, mas se a crise se agravar, não serão suficientes.
Crise da água
Em São Paulo, desperdício encontra o desespero na Rua Augusta
Moradores recolhem em baldes e garrafas água que escorre pelo meio-fio da calçada, vinda de um poço natural encontrado em escavações de obra
GZH faz parte do The Trust Project