O corpo do brasileiro Marco Archer, executado no sábado na Indonésia, foi cremado no país e as cinzas serão levadas para o Rio de Janeiro pela advogada Maria de Lurdes Archer Pinto, tia de Marco. Única parente ainda viva do brasileiro condenado à morte por tráfico de drogas, Maria de Lurdes está na Indonésia e esteve com Marco Archer antes da execução. As informações são do jornalista Nelson Veiga, amigo de Archer, que falou à Agência Brasil por telefone.
Após o fuzilamento do brasileiro, a presidenta Dilma Rousseff se disse "consternada" e "indignada" e convocou para consultas o embaixador do Brasil em Jacarta. No meio diplomático, a medida representa uma espécie de agravo ao país no qual está o embaixador. Já o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse que a execução causa "uma sombra" na relação entre o Brasil e a Indonésia.
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Em nota, a organização não governamental Anistia Internacional considerou um "retrocesso " a execução de Marco Archer e de mais cinco traficantes de drogas pela Indonésia. Eles são os primeiros presos executados desde que o presidente Joko Widodo assumiu o cargo.
- Este é um retrocesso grave e um dia muito triste. A nova administração tomou posse prometendo fazer dos direitos humanos uma prioridade, mas a execução de seis pessoas vai na contramão desse compromisso - disse o diretor de Pesquisa sobre a Região do Sudeste Asiático e Pacífico da Anistia Internacional, Rupert Abbott.
O carioca Marco Archer Cardoso Moreira, 53 anos, foi o primeiro brasileiro executado por crime no Exterior. Archer trabalhava como instrutor de voo livre e foi preso quando tentou entrar na Indonésia, pelo aeroporto de Jacarta, com 13,4 quilos de cocaína escondidos em uma asa-delta desmontada em sete bagagens. Ele conseguiu fugir do aeroporto, mas foi localizado após duas semanas, na Ilha de Sumbawa. Archer confessou o crime e disse que recebeu US$ 10 mil para transportar a cocaína de Lima, no Peru, até Jacarta. No ano seguinte, ele foi condenado à morte.
Indonésia pede respeito às suas leis
Procurador-geral da Indonésia, Muhammad Prasetyo pediu respeito às leis do país neste domingo, em entrevista à imprensa local. O país vem recebendo críticas pela execução de seis réus - cinco deles estrangeiros. As informações são do jornal O Globo.
Ao jornal The Jakarta Globe, Prasetyo disse que poderia "entender a reação" dos países cujos cidadãos foram executados:
- No entanto, cada país deve respeitar as leis que se aplicam em nosso país.
Para o procurador-geral, a pena capital é uma medida dissuasória na luta contra o tráfico de drogas e delitos relacionados com o narcotráfico, conforme O Globo. Prasetyo avisou que os condenados vão continuar sendo punidos com esse tipo de medida.
Como funciona a execução na Indonésia
- Da prisão, a polícia conduz o detento até o local de execução. Ele pode escolher estar acompanhado por um líder espiritual de sua religião e de seu advogado.
- Depois disso, o preso é encapuzado ou vendado, e tem os pés e as mãos amarrados a um tronco. Ele escolhe entre ficar em pé, sentado ou ajoelhado.
- Um grupo de 12 atiradores de elite forma um semicírculo a uma distância entre cinco e 10 metros do detento. Um comandante dá a ordem para que os tiros sejam disparados. Entretanto, dos 12 atiradores, apenas três têm armas carregadas para que não se tenha como saber quem deu o tiro fatal.
Quem são os condenados executados:
Ang Kiem Soel, 62 anos, holandês
Daniel Enemuo, 38 anos, nigeriano
Namona Denis, 48 anos, malauiano
Marco Archer Cardoso Moreira, 53 anos, brasileiro
Rani Andriani, 39, indonésia
Tran Thi Bich Hanh, 27 anos, vietnamita
ZH Explica: brasileiro será executado na Indonésia
*Agência Brasil e Zero Hora