Dilermando Lopes, o dono do Bar Liberdade, um santuário de samba e choro no centro de Pelotas, morreu aos 65 anos nesta segunda pela manhã, vítima de câncer no pulmão.
Natural de Piratini e morador de Pelotas desde os 18 anos, sua história se funde ao muito simples e épico empreendimento, aberto em 10 de maio de 1974. O Liberdade - que foi fundado na Rua Félix da Cunha e passou por várias endereços até se estabelecer na Marechal Deodoro - servia iguarias como mocotó e churrasco em buffet a quilo no almoço e, à noite, transformava-se no reduto de um gênero musical genuinamente brasileiro.
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Reuniam-se para tocar no bar apreciadores do samba e do choro, como Avendano Jr. (falecido em 2012), pelotense que era um dos principais cavaquinistas do país. Clássicos de Waldir Azevedo e Pixinguinha integravam o repertório ao vivo de cada final de semana, atraindo "jovens de 17 anos a coroas de 80", de acordo com o músico Milton da Costa Alves, 75 anos. Neste ano, em função da saúde de Dilermando, as noites de chorinho foram canceladas.
Milton tocou violão de sete cordas no bar, junto ao grupo Avendano Jr. e Regional, durante aproximadamente 30 anos, e se diz suspeito para falar de seu grande amigo.
- Dilermando era um homem honesto, trabalhador. O bar era a maneira como ele ganhava a vida, e ele gostava disso. Gostava da noite, da boa música - afirma.
O Liberdade ficou conhecido em vários países através do documentário musical de mesmo nome, dirigido por Cíntia Langie e Rafael Andreazza e realizado pela produtora Moviola Filmes em 2011. Cíntia lembra de Dilermando como um homem simples e batalhador:
- Era um sujeito "casca grossa", que soube levar o pessoal da boemia com pulso firme, mantendo frequentadores assíduos num local onde havia uma aura especial - afirma a cineasta.
Dilermando deixa mulher, Vera Lucia, dois filhos, Vinícius e Leandro - que hoje toca choro, e dois netos, Ana Luisa e Cássio.
O corpo vai ser sepultado às 18h, no Cemitério Ecumênico São Francisco de Paula, em Pelotas.
* Zero Hora