O coração da dona de casa Geny Pinto Machado, 81 anos, arriscou fraquejar, mas a disposição de cidadã jamais arrefeceu. Ela não vê a hora de votar neste domingo, mesmo com um cateter no peito há um mês, colocado quando o coração batia míseras 27 vezes por minuto _ enquanto o normal é entre 50 e 80 nesta idade.
- Não sinto nada e enquanto for viva vou votar. Quem não vota não pode reclamar - sentencia a líder comunitária do Bairro Chapéu do Sol, no Extremo-Sul de Porto Alegre, que há 11 anos não é mais obrigada a comparecer em frente à urna.
Dona Geny jamais vai abrir mão de participar das eleições, pois ainda tem bem presente na memória a época em que não tinha esse direito. Fez o título aos 17 anos, na década de 1950, e votou pela primeira vez em um colégio do Bairro Belém Novo, na época em que os candidatos faziam churrascada para os eleitores no dia da eleição e ainda davam carona para eles até o local de votação.
- Faziam de tudo para conquistar nosso voto - lembra.
O direito, no entanto, lhe foi tirado durante o período da Ditadura Militar (1964-1985) e recuperado apenas na segunda metade da década de 1980.
- Naquela época existia muito ódio, muita briga entre os partidos opostos. Era um clima de medo, não tinha escolha, nem campanha - lembra.
ELEIÇÕES 2014
Dona Geny dá aula de cidadania ao bisneto
Com um cateter no coração e uma disposição invejável, líder comunitária de 81 anos apresenta ao bisneto os motivos para escolher seus representantes e acreditar no futuro.
Jeniffer Gularte
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