O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) reconheceu nesta sexta-feira que a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2013 contém "erros extremamente graves". O equívoco do órgão foi na projeção de população em sete estados, entre eles o Rio Grande do Sul, o que afeta os resultados do país. Revisado, o índice de desigualdade caiu de 0,496 para 0,495.
Na pesquisa, divulgada na quinta-feira, o IBGE utilizou equivocadamente a projeção de população referente a todas as áreas metropolitanas de sete estados, em vez da projeção de população da região metropolitana onde está capital. O erro, que ocorreu no processo de expansão da amostra, envolveu os números do Ceará, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul.
Conforme nota divulgada pelo órgão, ao constatar o erro, "o IBGE tomou imediatamente as seguintes providências: recalculou os novos fatores de expansão, as estimativas de indicadores, e refez o plano tabular, com suas respectivas precisões". Os resultados da pesquisa foram substituídos e estão disponíveis no portal do órgão.
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Entenda o erro
A Pnad é uma pesquisa por amostragem probabilística, deste modo, para a geração dos resultados, é necessário definir fatores de expansão ou pesos que são associados a cada unidade selecionada para a amostra (domicílios e seus moradores).
Estes pesos são obtidos através do plano amostral da pesquisa, que leva em conta as probabilidades de seleção dos municípios, setores e domicílios da amostra e são calibrados pelo total populacional oriundos da projeção de população nos diferentes níveis geográficos de divulgação.
A Pnad divulga resultados para cada unidade da federação e para nove regiões metropolitanas: Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre. Nesses nove estados, a calibração é feita considerando a projeção de população para a região metropolitana da capital, e para o restante estado separadamente.
No Ceará, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul, existem outras regiões metropolitanas além daquelas que contêm os municípios das capitais. Nesses estados, o IBGE errou ao usar a projeção de população referente a todas as áreas metropolitanas em vez da projeção de população da área onde está a capital.
- A pesquisa continha erros extremamente graves. Nos cabe pedir desculpas a toda sociedade brasileira - disse a presidente do IBGE, Wasmália Bivar, em tom de desabafo.
Com correção de dados, índice de desigualdade cai no país
As maiores alterações do Pnad ocorreram no índice de Gini, que mede a desigualdade. Antes, o índice de Gini a partir da renda do trabalho apontava um resultado de 0,498 em 2013, contra 0,496 em 2012. Agora, o índice de 2013 foi revisado para 0,495.
- Houve desconcentração de renda, ainda que pequena - disse o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo.
O Índice de Gini calculado a partir da renda domiciliar passou de 0,499 em 2012 para 0,497 em 2013, com a revisão. Já o índice calculado a partir da renda total caiu de 0,505 em 2012 para 0,501 no novo dado.
- No índice da renda total, houve queda (da desigualdade). Nos outros, houve estabilidade - afirmou Maria Lucia Vieira, gerente da Pnad.
Dados revisados mostram rendimento do trabalho menor
Segundo a gerente da pesquisa, Maria Lucia Vieira, o aumento do rendimento do trabalho entre 2012 e 2013 foi revisado para 3,8%. Antes, o instituto havia apurado aumento de 5,7%. Também foram revisados os aumentos do rendimento domiciliar, de 4,0% para 2,3%, e do rendimento de todas as fontes, de 5,1% para 3,4%.
Segundo o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, os erros na Pnad foram constatados após órgãos de governo e consultorias privadas terem entrado em contato com o instituto, na tarde da quinta-feira. Os dados começaram a ser revisados nesta sexta-feira, pela manhã.
* Com agências