
Mais de quatro meses após o assassinato de Bernardo Uglione Boldrini, 35 testemunhas que residem em Três Passos, onde o menino morava com o pai e a madrasta - presos sob acusação de serem os mentores do homicídio -, prestarão depoimento na manhã de terça-feira em frente aos irmãos Edelvânia e Evandro Wirganovicz, também detidos por envolvimento no crime. É a primeira audiência do caso. Ao todo, 77 pessoas falarão antes do julgamento, em Júri Popular ou não, ainda sem data prevista.
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Cerca de 40 policiais militares serão deslocados de Santa Rosa e Frederico Westphalen para reforçar a segurança externa no Foro de Três Passos. O médico Leandro Boldrini e a enfermeira Graciele Ugulini pediram dispensa e não estarão presentes. A avó materna de Bernardo, Jussara Uglione, não vai à cidade por não ter condições psicológicas e de saúde.
Apenas as testemunhas, os advogados e membros da Justiça e do Ministério Público, além dos réus, terão acesso à sala. A imprensa poderá acompanhar os relatos nos 15 minutos iniciais. O juiz Marcos Luís Agostini tomou a decisão para evitar tumultos e preservar os depoentes - 24 de defesa e 11 de acusação. As ruas próximas ao Foro serão interditadas e a PM não vai permitir protestos em frente ao local.
Segundo o advogado de Edelvânia, Demetryus Grapiglia, ela resolveu ir à audiência por estar "interessada na elucidação dos fatos". Ele diz que a mulher, que confessou ter ajudado a matar Bernardo e a esconder o corpo às margens de um rio em Frederico Westphalen, foi forçada pela Polícia Civil a detalhar o homicídio, sem a presença da defesa. Demetryus também criticou a postura de Boldrini e Graciele, que estariam se omitindo:
- Quero que tudo seja às claras. Uma criança morre, todo mundo quer esclarecimentos, e uma atitude como essa (do casal) faz perder a seriedade. Quem está envolvido em um crime dessa natureza, pela lógica, deve ser o primeiro a interagir e não se omitir.
Clima pacífico na cidade
O advogado Jader Marques, que representa Boldrini, afirma que o médico está no seu direito constitucional de participar apenas da audiência em que será inquirido. O defensor de Graciele, Vanderlei Pompeo de Mattos, não quis se manifestar.
Apesar de não ter recebido nenhuma informação de um possível protesto em Três Passos, a Brigada Militar adotou medidas preventivas para que a audiência transcorra normalmente e não seja interrompida, atrasando o processo.
O clima na cidade é pacífico. Não há cartazes ou faixas nas proximidades do Foro com palavras agressivas contra os réus. Em frente à casa onde o menino vivia com o pai e a madrasta, uma espécie de memorial com fotos e pedidos de justiça é mantido desde que o corpo foi encontrado, em 14 de abril.
Julgamento sem data prevista
Conforme a Justiça, a data do julgamento de Edelvânia e Evandro Wirganovicz, Leandro Boldrini e Graciele Ugulini ainda não está definida. O Ministério Público arrolou 25 testemunhas, e as defesas, 52.
Para a próxima audiência, também em Três Passos, aquelas não puderem ser ouvidas na cidade serão convocadas por precatória, pelos locais que residem: Frederico Westphalen, Campo Novo, Coronel Bicaco, Santo Augusto, Palmeira das Missões, Rodeio Bonito, Ijuí, Santo Ângelo, Porto Alegre e Florianópolis.
Na etapa seguinte, será marcada uma audiência para ouvir testemunhas de defesa que tenham apresentado atestado, estejam viajando ou aleguem outros motivos para não depor agora, e então os réus serão interrogados.
Finalmente, as partes farão suas alegações e o juiz definirá se eles vão a Júri Popular ou não.
Veja como teria ocorrido o crime: