Quase duas semanas depois, o casal de idosos que caiu em uma cratera na RS-110, em Jaquirana, ainda guarda na memória as lembranças dos momentos de terror pelos quais passou. Euplíneo Dal Conte Lacerda, 73 anos, e Iolanda Silva Del Conte, 70 anos, receberam a Rádio Gaúcha na manhã desta quinta-feira (31). Os dois estão na casa da filha, na zona sul da Capital, desde que deixaram o hospital, no último domingo.
Dona Iolanda diz que os dois estão traumatizados e conta que a todo momento as imagens invadem sua mente. Ela afirma que depois da queda precisou ser forte, para dar apoio ao marido, que chegou a desmaiar e que gritava por causa das dores. Depois de muito esforço, ela conseguiu abrir a porta e retirá-lo do carro. O desespero tomou conta quando se deram conta que os três celulares que levavam junto estavam sem sinal. Foi quase uma hora de espera, antes que moradores próximos encontrassem o casal.
“Eu gritava pedindo socorro, mas a voz não saía, e nós estávamos com dor e com muito frio. O que passou na cabeça é que nós íríamos morrer ali. É uma sensação que não tem descrição, nós estamos vivos por um milagre”, diz ela entre lágrimas.
Ainda com dificuldade para se locomover e com hematomas por todo o corpo, seu Euplínio conta que ainda sente dores e que não consegue dormir. Ele se recorda de todos os momentos antes e depois do acidente e garante que não havia sinalização alertando para a presença da cratera na estrada, em nenhuma parte do trajeto.
“Um quilômetro antes do local tinha um quebra-mola de terra e do lado, um desvio. Eu passei pelo desvio e continuei andando. A pista estava livre, não tinha nenhuma corda ou sinal, quando eu vi estava dentro do buraco”.
O idoso garante que vinha na velocidade de 70km/h e que já havia passado pelo local diversas vezes anteriormente. A última delas foi em abril deste anos, quando a rodovia ainda estava em boas condições. O casal havia saído de Capão da Canoa por volta das 5h, em direção a Lagoa Vermelha, onde participariam do velório de um primo.
Ainda bastante abalados, os idosos agradecem por nada mais grave ter acontecido com eles, e garantem que assim que estiverem recuperados vão voltar a pegar a estrada, como sempre costumavam fazer. A filha Fabiane Dal Conte ressalta que vai acionar a Justiça para pedir a responsabilização do Estado pela falta de sinalização no local.
“Eu só quero que alguém pague por isso, o trauma que eles vão ter para o resto da vida não tem preço”, lamenta. Ela já entrou em contato com um advogado, que reúne documentos para elaborar a ação.
Confira o relato do casal: